sexta-feira, 26 de julho de 2019

Luz do amanhã

A igreja estava vazia.

Ele entrou e rezou em silêncio.

Depois acendeu várias velas.

Era a sua rotina.

As luzes eram caminhos para atingir o mundo superior.

E neste mundo superior, ele superava os desafios da vida.

E atingia, por instantes, a eternidade e uma paz infinita.

Era o necessário para fazer a roda da vida girar.

As luzes do amanhã foram riquezas reconquistadas com humildade, amor e esperança.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Concrecoisa Pedra



Atirou a primeira pedra.

Atirou a segunda pedra.

Atirou a terceira pedra.

Depois foi embora.

Repetiu a ação por anos, diariamente, com chuva ou sol.

Quando percebeu que a pedra não falava, ficou sem chão.

O seu horizonte mergulhou num abismo invisível.

O silêncio ficou insuportável.

E o seu corpo virou pedra para ser arremessada no vazio que restava da vida.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Concrecoisa Amolar



Eu era criança e ficava impressionado com a habilidade do amolador de objetos cortantes.

Ele soprava um apito que parecia uma pequena gaita.

Aquele som era um chamamento para as donas de casa.

A sonoridade era inconfundível.

E a máquina de amolar era feita com uma roda de bicicleta.

O esmeril desgastado queria abraçar a eternidade.

Em funcionamento, as faíscas liberadas durante a afiação dos objetos cortantes pareciam diminutas estrelas cadentes.

Era encantador!

Hoje, o amolador de rua é lembrança.

E novos amoladores surgem deixando egos e verbos afiados para enfrentar a imprecisão da vida.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Concrecoisa Realinada



A realidade está ali diante de todos.

O nada também está ali, acocorado.

A realidade é uma certeza que emerge a todo instante, em cada circunstância.

O nada é uma realidade, uma resposta da equação do desenlace da vida.

Tudo cai na realinada, pois o nada possível é certeza!

Assim corre a vida.