sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Concrecoisa Sempre algo

 

Sempre tem sol

Sempre tem sal

Sempre tem ar


Sempre tem mar


Sempre tem dor


Sempre tem ardor


Sempre tem velho


Sempre tem vermelho


Sempre tem novo


Sempre tem de novo


Sempre tem Ano Novo


Sempre tem algo acontecendo 


quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Concrecoisa Fios de prata


Chegou o Natal

Lá vem o Ano Novo!

Lá vem também os fios de prata

Ao longo do caminho

Ao longo do respirar

Ao longo do amar

Ao longo do querer

Lá vem o Ano Novo!

Lá vem o tempo prateado

 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Concrecoisa Felicidade


A felicidade saiu por aí.

Ela está solta.

Ela não dome.

Ela quer abraçar alguém.

Ela encontrou você.

E nunca mais vai lhe abandonar.

A felicidade agora é você!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Concrecoisa Livro Liberdade


Ganhou muito dinheiro.
Fez besteiras.
Perdeu tudo.
Ganhou um livro.
Descobriu o caminho da liberdade.
E voltou a ganhar dinheiro.
Desde então, nunca mais perdeu nada.

 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Concrecoisa Um



Um amigo
Um desconhecido 
Um jogo difícil
Um caminho qualquer 
Um contratempo
Um fio de esperança 
“Um desejo só não basta”, diz a letra da canção 
Um prato de comida de dar água na boca 
Um cantinho de paz
Um dia de luta
Um caminhão de bondade
Um amor que nunca morreu
Um, sempre um que aconteceu ou vai acontecer



quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Concrecoisa Em canto


A bailarina encanta com o seu corpo em movimento.

O cantor de ópera encanta com a sua voz.

O escritor encanta com as suas narrativas.

A pintora encanta com a sua paleta de cores.

A natureza encanta com a beleza sem fim renovada a cada dia.

Porém surgiu o desencanto.

Que insiste em acabar com a união da preposição "em" com a palavra "canto".

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Concrecoisa Camuflado


A natureza ensina, todos os dias, segredos que podem levar à felicidade.

Os ensinamentos estão camuflados, diante dos olhos.

Porém, a celeridade dos dias de hoje modifica o olhar, dificultando os aprendizados.

Ficamos cegos!

Assim, passamos a não ver o que poderia ser visto.

Perdemos coisas boas que estão camufladas.

E sempre estiveram pertinho de nós.

Já a coisa ruim, quase sempre, também por ter camuflagem, engana cada olhar ao fingir ser uma coisa boa.

Nunca é tarde para encontrar uma coisa boa camuflada no viver diário.  

E também nunca é tarde para saber distinguir o que é bom e o que é ruim.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Concrecoisa Microconto X

 

O poeta deixou a cidade para trás

E encontrou na zona rural o refúgio do amanhã

Os passarinhos celebraram a sua chegada

E ganharam alpiste

As plantas agradeceram pelo chão molhado

E a velha meia furada virou troféu

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Concrecoisa IX

 

Todo dia.

Sem perceber.

Cada ser.

Que procura um sentido para a vida.

Tem a possibilidade.

De fazer o agora acontecer.

Nunca é tarde

Assim a chama da paixão continua ardendo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Concrecoisa Microconto VIII

Caminhou.

caminhou...

ca-mi-nhou...

ca-mi-nhou...

A caminhada foi longa.

Restaram espinhos nos pés.

Restaram muitos espinhos nos pés.

Alguém vai tirar os espinhos.

Ufa!

Até amanhã!

Nova caminhada e mais bondades pelo caminho, mesmo com os espinhos.

Calma...

Alguém vai tirar os seus espinhos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Concrecoisa Microconto VII

A bandeira branca foi hasteada.

Sem guerra, o herói chorou.

Ele ficou órfão da adrenalina, dos disparos da metralhadora e das condecorações por matar vários inimigos.

As migalhas do passado foram comidas pelos morcegos.

O sono passou a ser o único remédio para curar o medo.

A frente de batalha, agora, era o clarão do dia.

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Concrecoisa Microconto VI

 

Aquela pessoa falou em tom de saudade:

– Espere a chuva passar, entre.

Mas a pressa da vida com os compromissos sociais, com o trabalho, com o ter que dar satisfação e com a obediência às leis comandava o destino da outra pessoa, que respondeu também em tom de saudade:

– Lamento, tenho que partir, foram sete dias intensos.

E sem querer decidir o que a outra pessoa escolheu para si, retrucou baixinho:

– Adeus, foi tudo muito lindo!

Assim terminou o encontro apaixonado marcado pela chuva.

No fim da tarde, a chuva lavou o que estava escrito com carvão, no passeio, onde ocorreu o encontro. 

E a saudade foi fixar residência nas memórias de outras pessoas.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Concrecoisa Microconto V

Quando a sombra passou, aquele ser humano não estava vivo.

E as angústias que foram criadas nos muitos anos de vida acabaram derretendo como as asas de Ícaro.

E os milhões para garantir uma vida econômica tranquila serviram apenas para enriquecer o sistema de governo.

Quem sofreu com o destino daquela pessoa sem corpo, sem sentimento elevado, foi a última carne que recebeu pelo prazer oferecido.

E não era amor. Jamais!

Assim tudo passou…

Restou o ponto final na lápide de mármore. 

E as flores de plástico aguardam as camadas de tinta spray para voltar a ter as cores vivas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Concrecoisa IV

 


Perseverantes!

Aquelas pessoas nunca desistiram.

Os espinhos não foram suficientes para silenciar os passos.

Sempre, ao nascer do dia, o sol convidava para uma nova jornada.

E as flores celebravam o renascer.  

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Concrecoisa Microconto III

 


A dura realidade que emoldura o envelhecimento marca o microconto desta semana.

A dor castiga!

Mesmo assim, o ser humano vem conseguindo viver por mais tempo com os avanços da medicina e da farmacologia.

A utopia da vida eterna, porém, sofre abalo quando as flores do adeus são lançadas sobre um caixão em mergulho no chão cavado.

E o que foi vivido adormece nos registros em livros, áudios e filmes e nas memórias dos que ficaram.

As flores murcharam…

E o tempo desfaz sem piedade o novelo de lã da vida.

Assim ele mostra que a vida é muito rápida, mesmo com tanta ciência.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Concrecoisa Microconto II

 

O microconto publicado na concrecoisa desta sexta-feira, dia 10, foi escrito em 30 de abril de 2010.

Onze anos se passaram e tudo permanece atual, pulsante.

A imagem atua como moldura da narrativa.

Os elementos da narrativa estão nela.

Está tudo em sintonia e em harmonia.

O sol também está presente na imagem. É ele que vai nos levantar para enfrentar as adversidades da vida.

A vela da vida de cada um ainda tem muito para queimar!

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Concrecoisa Microconto I

 

A partir desta sexta-feira (03-09-2021), estarei publicando uma série intitulada Microconto.

Os microcontos foram escritos há algum tempo. 

Encontrei-os por acaso arrumando uma caixa com vários papéis.

Este primeiro microconto que agora vira concrecoisa, no original, foi escrito em 13 de abril de 2010.

Era assim: “Venha Dora, a vida nos espera. O ar sopra, em amor, os filhos. Anos passados, as flores vestem o eterno descanso dos amantes já velhinhos”.

Para o tema ficar mais amplo e, sobretudo, aberto às viagens mentais de cada um, fiz ajustes na ficção que tinha que ter 140 toques, como era o padrão do Twitter.

Os microcontos foram pensados para serem publicados no Twitter.

Muitos dos microcontos se vestem de microaforismos.

É isso!

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Concrecoisa Vivenciar

 


Viveu sem ar

Até nascer

Quando foi apresentado ao mundo

O ar doeu, ao beijar, os seus pulmões

Desde então

Tudo se resumiu em

Respirar

Expirar

Respirar

Expirar

Pois tudo virou ar

Um ar cataventado

E uma mostra que

Se é ar

É vivenciar

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Concrecoisa Descaminho

 

O caminho estava traçado desde o começo de tudo.

Todos seguiam felizes.

Alguém pegou uma outra rota.

Foi pelo descaminho.

Chegou num lugar desconhecido.

Viu que aquele lugar era bom.

Ficou ali por anos até caminhar pelo velho caminho.

E foi seguindo, seguindo...

Até chegar onde deveria ter chegado.

Viu que ali era pior do que o outro lugar.

Sentiu que o descaminho foi a sua alegria perdida.

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Concrecoisa Lixo

Tudo é lixo

E o que não é

Um dia será.


Basta ver 

A caminhada

Do mal

Na história

Da humanidade.


O lixo

Não se cansa

De ser produzido.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Concrecoisa Sereno

 

O sereno caiu

Molhou o chão

E aquela pessoa serena

Que assistiu

Em sossego

Celebrou

Porque o sereno

Encontrou para amar

Um ser sereno

E o sereno caiu novamente

Para nunca deixar de molhar

A esperança

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Concrecoisa Mistério


O mistério enlaçou o infinito do mar, no começo de tudo.

Um pescador ficou sabendo dessa história numa mensagem do vento.

Ao deitar, pensou em ter um tiquinho desse mistério.

A ideia era guardar até o último dia de vida.

No dia seguinte, ele acordou bem cedinho e pegou uma gota d’água do mar encantado.

E guardou num vidrinho hermeticamente fechado.

Os anos passaram…

Todos os dias, antes de dormir, ele olhava para aquela gotinha e rezava.

Incrivelmente, o volume aumentava lentamente depois de cada oração.

Quando o vidrinho encheu, depois de muitos anos de reza e fé, ele sentiu o prazer jamais experimentado.

Então ele foi ao mar e devolveu aquela água multiplicada, uma gotinha do passado.

Nesse mesmo dia, ao deitar, sentiu a libertação d’alma.

O tiquinho do mar havia se transformado na sua vida eterna.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Concrecoisa Coragem indômita

Aquela pessoa dizia que tinha coragem.

E que tudo era fácil.

Sobre o amor, achava algo simples, como trocar de roupa.

Certo dia, apareceu um desafio.

Encontrar a cara-metade e amar de verdade.

Então, a coragem que dizia ter foi embora.

E o amor foi vestir uma outra pessoa.

Aquela pessoa que achava tudo fácil já não tinha algo que é do amor verdadeiro, que é ter coragem indômita.

E o amor seguiu a sua jornada.

E continua a desafiar quem quer que seja.

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Concrecoisa Tentativa

 

Viver é tentar.

E quanto mais o ser humano tenta, mais tentativas vão pintando no seu horizonte.

Essa busca fica no mesmo lugar quando as tentativas deixam a vida passar.

Morreu tentando...


quinta-feira, 8 de julho de 2021

Concrecoisa Debaixo

 

Debaixo de alguma coisa tem sempre uma outra coisa.

Tem grãos de areia debaixo de uma pedra.

Tem água debaixo da embarcação.

Tem carne debaixo da pele.

Tem loucura debaixo da mente.

Tem papel debaixo da letra impressa de um livro.

Tem rotina debaixo da rotina.

Tem poeira debaixo do ar.

Tem mistério debaixo de tudo que não foi explicado.

Tem sonho debaixo do sono.

E debaixo da vida eterna tem a dúvida.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Concrecoisa Peso da dor


O peso da dor rodeia e penetra nas pessoas.

Algumas não têm mais essa dor.

Outras carregam até a morte.

Perguntei para uma dessas pessoas que conseguiu se livrar:

– Como foi possível se libertar e viver feliz?

Ela me disse:

– Joguei no abismo.

– Onde estava o abismo?, perguntei novamente.

E a resposta foi precisa:

– Ele fica dentro de cada um e muitas vezes a pessoa não sabe que esse abismo existe.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Concrecoisa Sorriso Misterioso

 

Uma pedra procura um sorriso perdido num rio.

A água diz que tem.

A pedra pede uma prova.

A água prontamente atende.

E começa a lamber as suas faces.

As marcas do sorriso vão aparecendo.

Muitas delas são misteriosas.

– Quem descobrir um sorriso mistério numa pedra será feliz para sempre, diz a água.

Tá vendo?

Se não viu, não desista.

As pedras estão por todos os caminhos.

E a felicidade também!

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Concrecoisa Verdade de cada um


– Eu tenho a verdade!

Foi o que falou uma pessoa para os seus seguidores.

– Eu também tenho a verdade!

Foi o que falou uma outra pessoa para os seus seguidores.

– Nós transmitimos a verdade!

Foi o que disse um apresentador de uma emissora de televisão.

– A verdade é transmitida por aqui!

Foi o que afirmou um apresentador de uma outra emissora de televisão.

– A lei é a verdade!

Foi o que escreveu um togado numa sentença.

– A mentira vira verdade quando a narrativa se veste de verdade.

Foi o que falou para um pai, cidadão comum, para os seus filhos. Ele disse em seguida que deseja apenas viver o mundo real e ser feliz.

Assim, cada um com a sua verdade construiu o império da narrativa com o que lhe convém.

Foi assim que a verdade foi desvirtuada e só era o que de fato significava num empoeirado dicionário do passado. 

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Concrecoisa Confissão

 

Choveu...

E algumas gotas se reuniram no vidro d’uma janela.

Outras foram chupadas pelo chão.

E teve as que caíram num córrego para depois abraçar o mar.

Ali no vidro, antes de evaporar, aquelas gotas da chuva começaram a conversar.

Em tom de confissão, falaram de suas angústias, dos momentos de alegria e sobre a esperança.

Muitas diziam que “evaporar é o mesmo que morrer para a vida eterna”.

As mais céticas diziam que “evaporar é o caminho para deixar de ser o que é e depois acabar em nada”.

Teve uma que falou do amor.

Chegou até a revelar que “estava apaixonada pelo calor”.

As que riram não sabiam que o fogo do amor é tudo que o ser humano precisa para viver feliz.

E quando o calor bateu, ela e-va-po-rou e foi morar nas nuvens, sempre rindo e sempre cantando.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Concrecoisa Castigo

 

O chão ficou marcado pela ferrugem, resultado da corrosão do prego de ferro em presença do oxigênio atmosférico e em meio úmido.

A marca é apenas uma consequência da oxidação.

Essa oxidação, na natureza, traz outras marcas.

Tudo por conta dos efeitos naturais da ação do tempo na vida e nos materiais.

Um sábio, certa feita, me falou que o vento gosta de tramar com o tempo em oxidação desconcertante.

Como prova material, mostrou um monte de barro que erodiu até virar poeira.

Depois disse que a luz e a água também entram na trama do tempo, sempre agindo com naturalidade numa outra forma de oxidação desconcertante.

Ele me fez ver que “a marca no chão mostra que o tempo castiga”.

Estou esperando o sábio voltar para saber mais sobre a oxidação da personalidade humana.

A marca indelével na história, não mais no chão, mostrará nas palavras ditas e não ditas quem são os canalhas, os traidores, os bandidos, os enganadores e os verdadeiros heróis.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Concrecoisa Tela-trama

 


A tela da TV mostra a trama.

Mostra a teia.

Mostra a textura.

Mostra tudo.

E mostra que treme quando falta a grana.

A tela-trama-teia-textura é pura mistificação das massas pela ideologia do seu dono.

E quando a grana chega, a tela se ajoelha, fica em silêncio e esquece tudo aquilo que mostrou.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Concrecoisa Cada estrada feliz

 

Todo mundo é estrada 

E a felicidade corre nela

Na pista

No acostamento

Até nos levar para algum lugar.


E no destino traçado pelo viver

Essa tal felicidade vai aumentando

Por retas e curvas

No asfalto liso

Nos buracos

Nos cascalhos

E na poeira levantada pelo destino.


E nas rotas marcadas por caminhos e descaminhos

A vida feliz só aumenta

Conforme o estradar que cada um escolheu.


quinta-feira, 13 de maio de 2021

Concrecoisa Agir

 

A rua ficou deserta.

O vírus afugentou todo mundo.

E dentro das casas, ele agiu.

O vírus agiu e reagiu.

Ele sabe que agir é movimento.

E que movimento é um reagir constante.

Dentro dessa perspectiva, o filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso disse que “tudo flui, tudo é movimento”.

Numa outra projeção, agir e reagir apontam para o renascer.

E a rua, agora, não está mais deserta.

O mundo afugentou o vírus.

Fora das casas, a vida gritou.

A vida, na verdade, agiu e reagiu.

O movimento é a vida.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Concrecoisa Infiltrado

Aquela cidade fantasma “sentia frio”, ao ser “lavada” pelo vento polar. 

Ela morreu quando nasceu um infiltrado.

Ele estava dentro de um ovo.

Falaram que era o ovo da serpente, mas não deram ouvidos às falas que ecoavam pelas ruas centrais.

O certo é que era, sim, um ovo diferente.

Dele, nasceu um infiltrado.

Ele chegou para combater o sistema.

Sua missão era contestar e destruir.

Com o tempo, outros ovos chocaram mais infiltrados.

A cidade trincou por causa das revoltas.

O sangue correu pelo asfalto.

O sistema resistia com a sua frieza e os seus cálculos precisos.

Porém, num dia, o infiltrado número um conseguiu acabar com a vida de todos.

Concluiu a sua missão.

Restou o cartaz que dizia:

“De um ovo nasce o infiltrado contra o sistema”.

E o vento frio sopra a poeira que restou da vida na cidade fantasma, uivando no silêncio da multidão!

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Concrecoisa Estou aqui

 

Estava andando, aqui em Salvador, numa praça perto de minha residência, no bairro Itaigara.

Foi na semana passada.

O meu olhar estava ligado em tudo, como sempre.

E numa árvore, irradiando beleza camuflada, uma borboleta mostrou o seu encanto.

Parei, fotografei com o iPhone, e falei comigo mesmo: “Vai virar uma concrecoisa”.

E assim nasceu este tema.

“Estou aqui” é o grito que ecoa no tempo-agora.

É o grito para cada um perceber que ainda existe ao redor muita beleza, alegria, paz e prazer.

Tem um passarinho cantando para você, ele está aí. Viu?

Tem uma flor mostrando o colorido da vida. Percebeu?

Tem sempre um “estou aqui” para você parar, olhar, sentir e ser feliz!

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Concrecoisa Seduzir

A sedução carimba com o seu poder a pele, a carne, os ossos e a mente.

Sim, a sedução é uma tinta que vai carimbando a vida.

Tem gente que é sinônimo de sedução e carimba sem perceber.

São donos desse poder.

E as pessoas que não sabem seduzir acabam pisando os caminhos do amanhã com tapetes de espinhos.

As pétalas ficaram com os sedutores.

Em tudo tem sedução...

O calor seduziu o gelo.

E a água foi o presente que fez gerar a vida. 

O vento seduziu a tempestade.

E o céu acabou ficando todo azul.

O sol seduziu a lua.

E a escuridão da noite ganhou luz.

O tempo seduziu o desconhecido.

E tudo que existe virou enigma da sedução.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Concrecoisa Pasmo

Brigam pelo poder e para se dar bem.

Jogam com todas as forças, para o bem e para o mal.

Chutam bêbados desvalidos nas esquinas das cidades.

Jogam pedra em cachorro sem dono.

Enganam a todos com uma verborragia planejada.

Tudo acontece em sincronia.

E o choro do sofredor não incomoda, jamais incomodou.

Enquanto os outros choram, eles riem e atuam com mais ferocidade, sempre com os olhos voltados para o próprio umbigo.

Fico pasmo com as babaquices.

Fico pasmo com a hipocrisia.

Fico pasmo com a sede de poder.

Fico pasmo com a proliferação de canalhas.

Fico pasmo com a insensatez.

Fico pasmo com a desesperança.

Fico pasmo de tudo.

Desligo da realidade para ser feliz.

E deixar de pasmar.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Concrecoisa Vísceras


Um homem cometeu suicídio aqui em Salvador, na manhã de 8 de abril de 2021.

Ele se jogou do Elevador Lacerda.

Desespero, meu Deus! 

A tragédia circulou pelo Zap.

O tempo de agora é cruel.

Ele faz sangrar por dentro e por fora.

Tragédia num cartão postal da cidade da Baía de Todos os Santos.

A vida não suportou o desespero.

O ocorrido mostrou as vísceras do tempo de agora.

O tempo expõe as vísceras de tudo.

Só resta suturar a pele, a carne exposta, as vísceras.

E esperar a cicatrização que vem com amor e fé.

O desespero não pode matar a esperança, não pode, não pode...

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Concrecoisa Tempolava


A idade foi avançando.

Tristezas e alegrias ficaram ao longo do caminho do viver.

E sempre passava água com sabão para lavar a dor.

A idade continuava avançando.

A dor que não saia acabou virando nódoa.

Não foi problema.

Continuou lavando, agora com detergente de esquecimento.

De tanto lavar as vivências com água, sabão e detergente de esquecimento, limpou o sofrimento, a angústia e as mazelas da vida.

Quando deu por si, viu que o tempo foi quem lavou a nódoa da vida.

E a verdadeira felicidade havia chegado.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Concrecoisa Escravo da vaidade


A vaidade vai...

A vaidade vai...

A vaidade vai...

A vaidade vai...


...escravizando o homem,

...escravizando o homem,

...escravizando o homem,

...escravizando o homem,


que perde a humildade.

que perde a humildade.

que perde a humildade

que perde a humildade.

quinta-feira, 18 de março de 2021

Concrecoisa Possibilidades


Uma alma limpa

Caiu na lama

Sujou tudo em volta

Depois tomou banho

Voltou a ser o que era

E purificou o que tinha sujado.

Uma alma suja

Caiu na purificação

Limpou tudo em volta

Voltou a ser o que era

E sujou o que tinha purificado.

Todas as possibilidades são trocadas na alma que é lama e na lama que é alma.

quinta-feira, 11 de março de 2021

Concrecoisa Loucura

 


Mundo doente,

e o fogo molha.

Mundo louco,

e a água natural queima.

Mundo doente,

e o lacre abre.

Mundo louco,

todas as cartas estão embaralhadas.

Mundo doente,

a rebordosa vem chegando...

quinta-feira, 4 de março de 2021

Concrecoisa Novos tempos


A saudade bateu.

Parece que foi ontem.

A saudade bateu.

Foi há poucos anos, salvo engano.

A saudade bateu.

Parece que muitas coisas boas ficaram no passado.

A saudade bateu.

Os tempos idos foram sensacionais!

A saudade bateu.

Se o passado voltasse...

A saudade bateu.

Os novos tempos querem reinventar o saudosismo no presente.

A saudade bateu.

O manto da saudade desfila na avenida da vida.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Concrecoisa Verso do adeus


Todos são poetas Uns escrevem versos Outros vivem Os que brincam com as palavras rabiscam, talvez cada dia, um verso do poema do adeus Os que brincam com o viver a vida em si fazem o poema da lembrança É o adeus que se aproxima O verso é cada segundo, cada minuto, cada hora, cada dia… O poema é a vida E o poeta é o herói que resistiu Que chorou e que sorriu O verso do adeus não atormenta quem galopa na esperança de respirar amanhã

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Concrecoisa Encalço

Os sinais estão espalhados

Uma cruz qualquer é um desses sinais

Cada um carrega a sua

Ali no chão tem cruzes espalhadas nos espaços deixados pelas pedras assentadas

Basta olhar com atenção

Enquadrar o desejado

Tudo está dando sinais

Tudo está no encalço

As marcas não escondem

O medo foge

Encalço não é o fim

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Concrecoisa Placebo

Com precisão e elegância do único número primo par, o número 2, Caetano Veloso disse num verso de canção que “gente é pra brilhar”.

E completou em seguida: “Não pra morrer de fome”.

A canção integra o LP Bicho, de 1977.

Os versos continuam ecoando com mais densidade nos dias de hoje. Tempos complicados, em ebulição.

Esses versos ecoam espelhados ao doce mistério da vida.

Gente é uma força transformadora do mundo, para o bem e para o mal.

É por isso que eu digo na concrecoisa que…

Gente é ostra.

Gente é mosca.

Gente é mariposa.

Gente é escorpião.

Gente é andorinha.

Gente é placebo.

Tudo cabe nesse mundo chamado gente!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Concrecoisa Reencontro

 

Todos os dias 

Um pedaço se vai

É a perda de si em fragmento

Um por um

Sem alarde 

Eles começam a povoar o imaginário

E as zonas abissais dos relacionamentos

Pedaços espalhados no vazio, na dor, no desespero, na esperança, no nada

Um dia os pedaços vão se juntar

Ou apenas um

E quem achar 

Esse pedacinho de si

Terá reencontrado a alegria interior

E o pedaço maior vai dizer

É a vida!

É a vida!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Concrecoisa Silêncio

Psiu, pediu o padre na missa.

Psiu, pediu a professora aos alunos.

Psiu, pediu a atriz no teatro.

Psiu, pediu o maestro no começo da ópera.

Psiu...

Tem hora que é preciso fazer silêncio.

Nessa hora, o silêncio quer sussurrar.

Mas todos continuavam falando em vão, à toa.

Quando os ouvidos perceberam que a guerra estava perdida, uma bomba atômica explodiu.

Foi o psiu final.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Concrecoisa Busca do par

Um par é complemento...

E quando uma parte se perde da outra parte

O que era dupla se transforma em unidade

Desde então, a memória começa a vasculhar as inúmeras camadas da mente

E acaba em explosão de saudade

A bota velha e solitária desta concrecoisa foi fotografada numa rua de Salvador

Ela faz parte do descarte natural das coisas

Ela, imagino, também nunca esqueceu que tinha um par