sexta-feira, 16 de maio de 2014

Concrecoisa Soluços



Na piscina vazia, deitado, sozinho, meditava.

Pensou na família que não mais existia.

Lembrou dos amigos, agora cinzas ao vento.

Quis recordar alguns versos, poemas que o tempo empoeirou. 

Não encontrou nenhuma palavra poetizada na velha memória.

Estava lúcido do momento e só.

Aos poucos, gemidos nasciam do nada: vulcão na carne corroída pelo tempo.

Quando deu por si, viu-se boiando n’água de lágrima germinada durante os longos soluços.

E só, esperou a hora final chegar.

Não restou tempo para mais nada, nem uma réstia da festa do porvir, em dezembro.

Só, adormeceu para sempre.

Ezequiel virou espírito.

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