sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Concrecoisa Chão de Portugal X


Uma pedra carrega em si o sopro de saudade.

Essa saudade invoca as dores, as lágrimas, as angústias e as possibilidades de um desejo-ausência.

O caminhar é a saudade no agir dos pés.

A saudade traduz o estado d’alma e o chão é a saudade encrustada nas circunstâncias do ser.

Na língua portuguesa, a saudade testemunha uma estranha vontade transversal, algo que flerta com as tentativas de esquecer, de não esquecer e de esquecer-se.

Saudade é a cantoria de um lugar no ser para um outro lugar dentro deste mesmo ser.

E essa cantoria invade as campinas do indefinido.

E assim, sendo tudo isso, ou não, a saudade brota do chão da língua portuguesa, assim:

saudade, uma pedra
saudade, duas pedras
saudade, tantas pedras
e nós...
nossos passos
a esmo
entre os ossos
entre os destroços
no lusco-fusco
com saudade

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