Uma
pedra carrega em si o sopro de saudade.
Essa
saudade invoca as dores, as lágrimas, as angústias e as possibilidades de um
desejo-ausência.
O
caminhar é a saudade no agir dos pés.
A
saudade traduz o estado d’alma e o chão é a saudade encrustada nas
circunstâncias do ser.
Na
língua portuguesa, a saudade testemunha uma estranha vontade transversal, algo que
flerta com as tentativas de esquecer, de não esquecer e de esquecer-se.
Saudade
é a cantoria de um lugar no ser para um outro lugar dentro deste mesmo ser.
E
essa cantoria invade as campinas do indefinido.
E
assim, sendo tudo isso, ou não, a saudade brota do chão da língua portuguesa, assim:
saudade, uma pedra
saudade, duas pedras
saudade, tantas pedras
e nós...
nossos passos
a esmo
entre os ossos
entre os destroços
no lusco-fusco
com saudade
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