sexta-feira, 20 de julho de 2018

Concrecoisa Folharte



Ventava forte.

As folhas de uma amendoeira não resistiram.

Abraçaram o chão.

E choveu durante dias.

Depois o sol deu o ar de sua graça e distribuiu carinho, com calor.

Uma das folhas gostou de cortar o ar e abraçar o passeio.

Os dias passaram.

O amor impossível vingou.

A folha gostou daquele lugar onde os passos apressados das pessoas eram uma espécie de canto da rotina da vida na cidade.

Depois de uma semana, a folha deu o último beijo no passeio e foi embora no caminhão do lixo.

Como recordação, deixou a marca daqueles dias de amor.

A cor que tinha, quando dançou pelo ar até cair no chão, ganhou nova tonalidade.

E ficou no passeio o registro cromático do que passou a ser.

A vida daquela folha agora é obra de arte da natureza.

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