Dzion
passou da curva dos 33 anos e deixou tudo de lado para tocar a vida sem ficar
olhando vis-à-vis os caretas, que eram muitos ao seu redor.
Inquieto,
sentia que muitos outros caretas e canalhas estavam chegando, sempre mais,
muito mais.
Em
liberdade, uma utopia para uns e sonho de realização para outros, Dzion colocou
na mochila surrada uma camisa de malha, uma bermuda, escova de dentes, dois
livros (Monja Coen - 108 Contos e
Parábolas Orientais e Poesia Completa
de Manoel de Barros), um caderno em branco e lápis grafite número 2 com
apontador amarrado num barbante e rumou sem destino pelas estradas empoeiradas
do seu país extenso e desigual.
O
desapego era sua maior riqueza. Para Dzion, esse distanciamento das coisas valia
mais do que as muitas fortunas dos corruptos brasileiros que estão escondidas
em paraísos fiscais no exterior.
Dzion
passou a viver feliz. Parte dessa felicidade vinha daquilo que plantou dentro
de si: não dar satisfação para ninguém. Ele era aquilo que a circunstância
proporcionava, nada mais.
Já
velhinho, quando começou a escrever as memórias, Dzion riu por horas quando lembrou
que passou a dizer “foda-se” e sem medo de apontar o dedo médio na fuça dos canalhas.
Dzion
virou herói dos anarquistas por causa da sua maneira sincera de viver.
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