quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Concrecoisa Às vezes

Às vezes, 

no compasso

 irregular do coração, 

a vida pulsa 

como um improviso

de luz e sombra, 

lembrando-nos 

que o imprevisível 

é sua essência

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Concrecoisa Sem lembrar


Esquecer

é uma dádiva

disfarçada:

ao apagar

o peso

do que foi ruim,

abrimos espaço

para que

a leveza

do presente

floresça

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Concrecoisa Facafiada


A lâmina afiada

corta

 não apenas a matéria

mas também

os sonhos 

e esperanças

pois sua precisão

é tão fria

quanto sua indiferença

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Concrecoisa Fuga


Fugir do tempo é correr sem fôlego, enquanto o instante se desfaz em poeira de eternidade.

Fugir do vento é velejar sem velas, buscando o horizonte que jamais se deixa tocar.

Fugir da razão é navegar sem mapas, perdido entre estrelas que tecem enigmas.

Fugir da fuga é aceitar o labirinto, pois cada curva só revela o mesmo chão de ontem.

No final das fugas, o ciclo fecha-se em um círculo imenso, desconhecido e incontrolado.

E tudo o que resta é a calma conformidade do que se repete, onde a ilusão de ser livre sucumbe ao inevitável, e o tempo, sempre mestre, sorri em sua prisão infinita.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Concrecoisa Palmo a palmo


A jornada daquela pessoa só estava começando.

A cavalgada seria longa.

E a calma era a sua vibração.

Foi cavalgando pela estrada da vida, ficando calvo.

Continuava calmo.

Nas paradas para ganhar mais força, lia um salmo.

Foi sempre assim, palmo a palmo, cavalgando numa jornada feliz e sem ter fim.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Concrecoisa Vermendatidera


É verdade!

Não, é mentira!

É mentira!

Não, é verdade!

...

A confusão está criada.

Mentira e verdade são o que são e avançam para dominar as mentes.

Cada uma com a sua forma de existir, de agir.

E depois da guerra de narrativas, a mistura da verdade com a mentira já está processada, ou não.

E a vermendatidera chega para amplificar a confusão.

Na mesma toada, a mentira acaba sendo sendo chamada de verdade e a verdade de mentira.

São coisas dos tempos loucos, dizem os céticos.

É verdade!

É mentira!

Não, é vermendatidera!

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Concrecoisa Nada na madrugada


Na passagem da madrugada, o nada sussurra segredos que ninguém mais escuta. 

É quando o silêncio se alonga em sombras, e o tempo parece ter esquecido o caminho. 

E quando chega mais um dia, acordando a madrugada, a vida enrugada segue em disparada, tropeçando na pressa de existir. 

O nada então se dissolve, tímido, enquanto a madrugada desiste de guardar o mistério que carregava.

Na dança entre a escuridão e a luz, permanece a lembrança: o nada é um espelho onde a alma se olha, mas nunca se vê inteira.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Concrecoisa Tudo acabou bem


A vida, em suas passagens imprevisíveis, às vezes nos lança ao abismo.

E o que se quis é esquecido no eco do que a alma diz.
 
Mas há força no silêncio que aprende a dizer sem dizer.

E o tempo, sem dó e sem piedade, esculpe nossos dias. 

No final, a tempestade cede, a dor amadurece, e o que parecia perdido floresce. 

Assim, o destino, astuto e sábio, mostra que tudo, mesmo o que se parte, um dia se ajeita.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Concrecoisa Rutilar


Rutilar é resplender no silêncio do universo, como uma estrela que surge no breu, delicada e intensa. 

E, quando resplandece uma luz que é o brilho do amor, essa claridade dissolve sombras antigas e revela caminhos antes ocultos. 

É um fulgor que se espalha por entre os gestos e palavras, cintilando nas entrelinhas de um encontro.

Na simplicidade do olhar, o amor transforma cada instante em eternidade, um brilho que não ofusca, mas ilumina. 

É nessa luz suave e persistente que a alma encontra refúgio e renova o pulsar da vida.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Concrecoisa Turvo


Um amor turvo veste-se de pureza,

Mas guarda em si sombras ocultas.

Brilha com a luz dos enganos,

Reflete o que o coração deseja ver.

Seduz com sua falsa transparência,

E engana os olhos que buscam clareza.

Somente o tempo revela o que é denso,

O que antes parecia cristal, agora se desfaz.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Concrecoisa Dominação

 


A selvageria das estruturas de poder devora a liberdade com dentes afiados.

Onde a força reina, a justiça se curva, humilhada e sem voz.

Tudo o que toca, transforma em domínio, seja corpos, ideias ou sonhos.

O controle é o seu alicerce, a opressão, seu método infalível.

Nas suas garras, até a esperança é moldada ao seu favor.

A brutalidade invisível do poder consome o humano, tornando-o servo de suas engrenagens.

Aqueles que resistem são esmagados, aqueles que se curvam, moldados à sua imagem.

No fim, o que resta é o eco da submissão, sob o manto de uma ordem disfarçada.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Concrecoisa Limite


Permissão é o sussurro que convida, uma fresta aberta para o desconhecido. 

Perdição é o passo que ultrapassa o chamado, caindo no descontrole. 

O limite entre ambos é um terreno ambíguo, onde as possibilidades fervilham e o inesperado espreita. 

É nesse espaço que o desejo e a razão se confrontam, enquanto a liberdade flerta com o risco. 

Aqui, qualquer decisão pode transformar o destino, tornando cada escolha um portal para o imprevisível. 

Quem cruza esse ponto, se lança no desconhecido, onde tudo pode acontecer e nada é garantido.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Concrecoisa Fel e mel


O fel e o mel são faces opostas de uma mesma essência.

O amargor ensina com dureza, enquanto a doçura consola o espírito.

No entanto, o tempo, senhor de todas as coisas, transforma ambos.

O que hoje é fel pode, com o passar das horas, adoçar-se como mel.

E o que é mel, se mal cuidado, azeda-se e amarga.

A sabedoria está em entender que o tempo age sobre tudo.

Não há dor eterna, nem prazer imutável.

Tudo se equilibra na dança das estações que o tempo conduz.

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Concrecoisa Simplicidade


A simplicidade é a forma mais pura de verdade.

Quanto menos se acrescenta, menos se erra.

O excesso confunde, mas o essencial ilumina.

Na clareza do simples, o engano não encontra espaço.

Quem busca o essencial, encontra precisão.

A complexidade é terreno fértil para a dúvida.

A perfeição repousa no que é claro e direto.

No simples, cada passo é certeiro, pois nada sobra.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Concrecoisa Entardecer


Quando o sol entra no horizonte, já é tarde para voltar atrás.

A alma arde em anseios que o tempo não cede,
e o caminho, antes claro, começa a escurecer.

Chega o entardecer, e com ele a calma que a pressa desfez.

A luz se despede, o silêncio cede lugar à reflexão.

Tudo o que foi urgente, agora já não importa tanto.

A chama do dia se apaga, mas não sem deixar marcas.

Pois o que arde na alma, mesmo com o entardecer, persiste.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Concrecoisa Sucesso iminente


O sucesso não bate à porta dos que esperam, mas sim dos que ousam abrir caminhos.

É o risco bem calculado que separa a mediocridade da grandeza.

Quem teme o fracasso já abriu mão da vitória antes mesmo de lutar.

A ousadia é a semente que, plantada no solo fértil da perseverança, floresce em conquistas.

O sucesso iminente não é promessa do destino, mas sim da coragem que desafia o impossível.

Há quem se perca em incertezas, mas os ousados navegam com o vento da determinação.

A grandeza não é para os que assistem da margem, mas para os que se lançam ao mar da ação.

Cada passo audacioso é um degrau na escada da realização.

O medo é uma barreira para os que não sonham, mas um combustível para os que o enfrentam.

O sucesso, enfim, é o prêmio reservado a quem ousa transformar o sonho em realidade.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Concrecoisa Naufrágio da liberdade


Quando a liberdade começa a afundar, a democracia já avista o seu fim no horizonte. 

As correntes invisíveis do autoritarismo se apertam silenciosamente, sufocando o pensamento crítico e a expressão. 

Cada direito retirado é como uma onda que, sutilmente, desgasta as fundações do que parecia inabalável. 

A censura é o leme que desvia o barco para águas sombrias, e o medo, o vento que empurra a embarcação para o naufrágio. 

O diálogo, outrora porto seguro, é silenciado pelas marés de desinformação. 

A indiferença dos cidadãos torna-se o peso que faz submergir os princípios democráticos. 

E, assim, quando a liberdade afunda por completo, a democracia, em seu último suspiro, desaparece nas profundezas da tirania.

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Concrecoisa Desespero da espera


A espera é uma linha tênue que separa o paciente do desesperado; quem espera, aguarda o tempo com fé, enquanto quem desespera, sufoca-se em angústia. 

A espera acalenta, mas quando prolongada, torna-se desesperada, um grito silencioso que ecoa na alma.

Desesperadamente, o coração anseia por respostas, mas é na calma da espera que se encontra a verdadeira sabedoria. 

Esperar é arte; desesperar é ruína. 

A espera nos ensina a confiar no tempo, enquanto o desespero nos faz prisioneiros dele. 

Entre esperar e desesperar, há o delicado equilíbrio que define nossa sanidade.

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Concrecoisa Ser destruidor


A natureza cai

A natureza vai

A natureza tenta

A natureza reinventa

A natureza sai

A natureza esvai

A natureza sofre

E o ser desumano continua

Destruindo, agindo, destruindo, agindo...

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Concrecoisa Algoz

 


Vur era um tigre muito feroz.

Sua crueldade espalhava medo, aterrorizando todos que cruzavam seu caminho.

Numa noite enluarada, Vur avistou uma pequena coruja presa em uma armadilha de caçadores. 

A corujinha, de olhos arregalados, olhava para o tigre com temor, sabendo que seu fim estava próximo.

— Por favor, não me machuque! — suplicou a coruja, tremendo de medo.

Vur, movido por um impulso desconhecido, aproximou-se e, com suas poderosas garras, libertou a pequena coruja.

— Por que me ajudou? — perguntou a coruja, ainda incrédula.

— Não sei — respondeu Vur, surpreso com seu próprio ato.

A partir daquele momento, Vur começou a observar a floresta de maneira diferente, percebendo a beleza e a harmonia que existiam ali. 

Decidiu que não queria mais ser o algoz temido por todos.

No dia seguinte, ao ver um coelho sendo perseguido por um predador, Vur interveio, salvando o coelho. 

Os animais da floresta, inicialmente desconfiados, começaram a perceber que o tigre havia mudado. 

Ele agora ajudava aqueles que antes aterrorizava.

Com o tempo, Vur ganhou a confiança e o respeito dos animais da floresta. 

Em vez de espalhar medo, ele se tornou um guardião da paz. 

A transformação de Vur ensinou a todos uma valiosa lição: mesmo o mais temível dos algozes pode encontrar redenção e mudar, tornando-se uma força do bem.

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Concrecoisa Sacode a poeira


A vida é cheia de altos e baixos,
E quando nada anda bem,
A queda chega.

Uma solução é levantar,
Sacudir a poeira,
Para vencer, vencer e vencer.

Desistir, jamais!

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Concrecoisa Alma quieta


Respirou fundo.

Bem fundo.

Por horas e horas.

Deixou a alma quieta.

E nada foi capaz de abalar a sua felicidade.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Concrecoisa Jornada dos fortes


Aquela pessoa era resiliente.

E também consciente.

Ciente dos seus limites, seguiu lutando.

Perdeu algumas batalhas.

Venceu outras, muitas outras, por sinal.

O resultado de sua luta foi mostrado na biografia.

O título ficou registrado para sempre.

"Jornada dos fortes" virou uma obra essencial para quem é resiliente.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Concrecoisa Re-sol-ver


Vidas seguem rotas

Conflitos surgem no caminho

E o que é para resolver

Tem que ser resolvido

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Concrecoisa Pergunta II


Cruz interior.

Cada ser humano tem uma?

Pode ser que sim.

Pode ser que não.

Se a resposta for sim, ela deve pesar.

E esse peso depende de cada pessoa.

Tem cruz leve...

Tem cruz pesada...

Quanto pesa a cruz que carregas?

A sua resposta é um segredo.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Concrecoisa Pergunta I


De que adianta o poder sem o amor,
Ter meio mundo aos pés e ser vazio,
Reinar sozinho, frio, sem calor,
Sem um abraço doce e um bom alívio?

De que adianta a glória sem carinho,
Ser temido e admirado por todos,
Se à noite, na solidão do caminho,
O coração chora em tristes modos?

Que valor tem o ouro, a realeza,
Se não há quem divida a mesa, o pão,
Nem quem acalme a dor com gentileza?

O poder sem amor é ilusão,
Pois sem amor, no fim, só há tristeza,
E o trono se torna uma prisão.

quinta-feira, 20 de junho de 2024

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Concrecoisa Catucador


Aquela pessoa cutucou o dicionário. 

Queria a palavra precisa para dizer o que sentia.

Mas ficou imaginando outras palavras.

Aquelas que estão na boca do povo.

E assim, encontrou o que queria.

Catucando o verso com uma caneta curta. 

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Concrecoisa Tudo bem


Nas cidades 

Nas campinas

Nas galáxias

Nas mentes

Mágoas foram germinadas

Mas passa um fio de esperança

E uma alma leve

Resoluta

Escuta

O murmúrio dizer, assim:

Tudo ficará bem

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Concrecoisa Silêncio e barulho


O silêncio revigora a alma.

O barulho, pelo contrário, estressa.

Na cidade grande, fica cada vez mais difícil encontrar um momento de silêncio.

E a realidade é a seguinte: buzina de carro acionada a todo instante, vizinho gritando, aparelho de som no volume máximo, gente falando alto e festa com muita bebida até o raiar do dia.  

No longa metragem da vida urbana, tem barulho ecoando, irritando, matando a paz que vem do silêncio.

Por conta disso, sempre tem alguém sofrendo.

Fico por aqui.

Com licença, vou ali comprar um protetor de ouvidos para barulhos.

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Concrecoisa Que preguiça!


A preguiça coopta o corpo

E fica oferecendo prazer, sonhos e fantasias. 

Aos poucos, ela vai dominando a mente,

Até tomar um puxão de orelha

Da vigilante disposição.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Concrecoisa Círculo do trabalho


 Trabalho,

círculo virtuoso.

Trabalho,

círculo virtuoso.

Trabalho,

círculo virtuoso.


Imposto,

círculo vicioso.

Imposto,

círculo vicioso.

Imposto,

círculo vicioso.


Assim,

o cidadão de bem leva a vida.

Trabalhando e sustentando a máquina estatal.