A fragmentação é uma possibilidade que atormenta, às vezes.
Da palavra à matéria, a fragmentação acontece em processo natural.
É da vida!
Tudo se fragmenta.
Repito: tudo se ‘f r a g m e n t a’, como a própria fragmentação da palavra fragmenta.
Em a natureza, a areia é fragmentação de uma pedra que vai se erodindo
até virar grão em quantidade.
E a palavra também sofre erosão, perdendo letras que se misturam com
outras letras, renascendo no colo da linguagem.
‘A morte’, por exemplo, é parte de um ‘amor’, um amor que migra de quem
ama para o outro, que é o te.
Sim, o te, de te amo!
Como tudo se fragmenta, ‘a morte’ é ‘amor te’ em processo de erosão e
colagem.
Já a fragmentação do tempo, aqui na Concrecoisa, é o passado que se
afasta do presente.
Antes de virar verme, fragmentação da vida, o poeta passeia pela
Babilônia, come acarajé com pimenta e vatapá, toma café expresso sem açúcar na
Ceasinha do Rio Vermelho, fuma um charuto do recôncavo baiano e finda o dia chupando
um picolé de tapioca, da Capelinha, diante do sol que fragmenta a própria luz
no horizonte da Baía de Todos os Santos.
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