A vida é um processo em processo que se torna memória.
Nem sempre as memórias sobrevivem.
Elas, as memórias, são inverdades quando viram escrituras.
A água também é vida, pois é um processo em si. É vida da molécula que
derrete ao sol. Água não é vida animal, como nós, monstrinhos-racionais da
natureza.
Depois de vira vapor, a água vira um nada em relação ao que era.
Tudo que escrevo para dar vitalidade à escritura da Concrecoisa Derretido
parece não ter sentido. Talvez seja o interesse das próprias palavras derretidas
em mim. Elas não quererem dar sentido ao racionalismo, ao processo físico do
derreter da coisa humana.
Quem viu pela primeira vez esta concrecoisa, quando a tornava realidade,
foi o parceiro musical Narlan Matos, que mora nos EUA e vive ensinando
brasilidade aos gringos. Narlan é um poeta em ação, um intelectual que também
enxerga o processo do processo do derretimento da memória e da água, ou melhor,
da vida.
Antes que eu derreta com o calor de Salvador, vou deitar dentro de um freezer
ou num congelador de uma geladeira antiga a gás, que me faz memorialista dum
Brasil rural dos anos de 1970.
Serei por uns instantes um picolé humano, que é melhor do que ser um nada.
E o sol, perigo para os viveres e sonhos por derreter, brilha para
todos!
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