sexta-feira, 1 de março de 2013

Concrecoisa Gargalhada



Depois de tanto kkkkk, o meu hehehe permaneceu em mim com força máxima.
Quanta gargalhada, depois de sair de mansinho, à francesa, após tomar o maior susto da vida. Não esqueço e nunca esquecerei quando um cara brabo apontou uma arma para cima e mandou todo mundo rir da vida.
O ano passou rápido. Incrivelmente, eu não conseguia conter aquela sensação de prazer pelo riso. Era o estado de nirvana prolongado ao infinito na minha carne marcada pelo tempo. Fui conferir as marcas deste tempo num espelho.
- Eu estou um trapo, um caco! Falei sozinho, murmurando e rindo de mim mesmo. Foi uma situação estranha perceber como o tempo faz a carne virar um maracujá bem maduro.
Estava na hora de ir ao médico. Tinha passado dos limites este meu estado de hehehe transloucado.
No consultório lotado do psiquiatra, vi num canto um conhecido que também não parava de sorrir. Ele, jornalista-advogado, gargalhava pelos cotovelos. Parecia uma hiena. Acho que acabara de ver o seu time ganhar para Íbis, o pior time do mundo. Era isso, ria eu de cá. Ele estava comemorando a vitória para o Íbis.
- Ai meu Deus! Será que essa risadagem geral é uma virose? Falei para a simpática atendente que também ria. Ela tentava, sem conseguir, controlar o riso. Tinha medo de perder o emprego.
- Tá também lascada de rir, né moça! Tá feliz!
- É moço. Rir de sua cara é o melhor remédio. Hehehe...
A resposta só fez aumentar a gargalhada uníssona.
Finalmente fui chamado. O consultório continuava lotado. Não parava de chegar gente. Gente que ria, ria, ria... O conhecido jornalista-advogado foi o primeiro a entrar e continuava na sala.
Lá dentro, para minha surpresa, tinham jaulas com dezenas de pessoas presas. Eram os pacientes. Todos riam e mais ainda o médico, que atendia com a máscara do Coringa.
Ele disse que eu estava ótimo e ia passar uma receita. Depois pediu para eu escolher uma jaula e ficar à vontade ou sair pela janela de emergência.
Preferi a janela.
Antes de cair fora, tentei identificar o conhecido jornalista-advogado em meio àquela loucura.
Não encontrei.
Em casa, fui ver o que o médico havia receitado.
No papel amassado, a minha surpresa:
“Para ser feliz e continuar rindo da vida basta ser poeta”, assinava o doutor Marconi de Souza, psiquiatra-jornalista-advogado dos tormentos felizes.

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