Depois de
tanto kkkkk, o meu hehehe permaneceu em mim com força máxima.
Quanta
gargalhada, depois de sair de mansinho, à francesa, após tomar o maior susto da
vida. Não esqueço e nunca esquecerei quando um cara brabo apontou uma arma para
cima e mandou todo mundo rir da vida.
O ano
passou rápido. Incrivelmente, eu não conseguia conter aquela sensação de prazer
pelo riso. Era o estado de nirvana prolongado ao infinito na minha carne
marcada pelo tempo. Fui conferir as marcas deste tempo num espelho.
- Eu
estou um trapo, um caco! Falei sozinho, murmurando e rindo de mim mesmo. Foi
uma situação estranha perceber como o tempo faz a carne virar um maracujá bem
maduro.
Estava na
hora de ir ao médico. Tinha passado dos limites este meu estado de hehehe transloucado.
No
consultório lotado do psiquiatra, vi num canto um conhecido que também não
parava de sorrir. Ele, jornalista-advogado, gargalhava pelos cotovelos. Parecia
uma hiena. Acho que acabara de ver o seu time ganhar para Íbis, o pior time do
mundo. Era isso, ria eu de cá. Ele estava comemorando a vitória para o Íbis.
- Ai meu
Deus! Será que essa risadagem geral é uma virose? Falei para a simpática atendente
que também ria. Ela tentava, sem conseguir, controlar o riso. Tinha medo de
perder o emprego.
- Tá
também lascada de rir, né moça! Tá feliz!
- É moço.
Rir de sua cara é o melhor remédio. Hehehe...
A resposta
só fez aumentar a gargalhada uníssona.
Finalmente
fui chamado. O consultório continuava lotado. Não parava de chegar gente. Gente
que ria, ria, ria... O conhecido jornalista-advogado foi o primeiro a entrar e continuava
na sala.
Lá
dentro, para minha surpresa, tinham jaulas com dezenas de pessoas presas. Eram
os pacientes. Todos riam e mais ainda o médico, que atendia com a máscara do
Coringa.
Ele disse
que eu estava ótimo e ia passar uma receita. Depois pediu para eu escolher uma jaula
e ficar à vontade ou sair pela janela de emergência.
Preferi a
janela.
Antes de
cair fora, tentei identificar o conhecido jornalista-advogado em meio àquela
loucura.
Não
encontrei.
Em casa, fui
ver o que o médico havia receitado.
No papel
amassado, a minha surpresa:
“Para ser
feliz e continuar rindo da vida basta ser poeta”, assinava o doutor Marconi de
Souza, psiquiatra-jornalista-advogado dos tormentos felizes.
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