Rengawaldo
acordou irado.
Estava
uma arara e bufava pelos cantos da boca.
O
porteiro do prédio de Rengawaldo, ao vê-lo azedo do azedo do azedo, disse que,
possivelmente, “a amada tinha dormido de calça jeans e o chefão puxado as suas orelhas”.
Para
atenuar a amargura que sentia, antes de papear com a imprensa, Rengawaldo tomou
um goró.
Pluft,
plaft, boom: o astral mudou rapidamente.
Com a
persona renovada, foi para o centro do poder, depois de driblar verborragicamente
alguns focas da imprensa local.
O
dia era de decisão, sem os outros saberem.
Tinha
que escolher quem seria o cara ideal para ficar em seu lugar, no círculo das
decisões futuras.
Já
estava de saco cheio com tudo ligado ao poder e queria sombra e água fresca,
nada mais.
A
vida tinha que ser vivida!
O
dileto Yuratsok, ao sacar que o chefe tinha tomado um goró para mudar o astral,
ficou na moita, calado e sorrindo dissimuladamente.
Algo
de bom estava para acontecer.
Era
sempre assim!
Então
Rengawaldo, na reunião com decisão inesperada, afirmou que o escolhido era Yuratsok.
Este,
aliviado, gargalhou sem medo de repressão dos pares.
Assim,
com a escolha antecipada e imperiosa, o centro do poder estava, teoricamente, concentricamente
assegurado.
Rapidamente
a reunião terminou.
Os pares
que não gostaram da decisão de Rengawaldo foram chorar no pé do caboclo, no
Campo Grande.
Os
pombos daquela praça gostaram da piscina que se formara por conta do chororô
dos preteridos.
À noite,
o porteiro que dissera que “a amada tinha dormido de calça jeans e o chefão
puxado as suas orelhas”, ao saber do ocorrido, ao saber da decisão de Rengawaldo,
foi sábio, claro e direto: “Manda quem pode e toma goró quem tem prejuízo”.
E o
centro concêntrico do poder circula no círculo agora fechadíssimo.
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