sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Concrecoisa Telhado


Em autobiografia, uma telha contou que tinha se apaixonado pelo céu.

Numa das suas passagens, narrou que chorou por não ter nascido em berço de vidro.

Já nas últimas linhas do texto na primeira pessoa, falou do passar do tempo, da exposição ao sol e da chuva que lambia as suas mágoas.

A telha disse ainda que o telhado da casa era o verdadeiro sentido da vida em sociedade igualitária.

Ali no telhado, com uma telha imbricando na outra, o tempo corria sem dar conta de si.

Um dia, antes da demolição da casa, a chuva constatou que “o tempo deixa na telha a cor de sua marcha”.

Foi quando a telha chorou...

Os tempos eram outros.

E a laje da nova casa instaurou o totalitarismo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário