Acordei
me embolando de rir. O calor insuportável causou um curto-circuito no meu
cérebro e esse choque nos neurônios abriu a porta da risadagem. Eram 3h da
madrugada.
Às 6h15, despertei
ainda com muito kkkkk nos quatro cantos do quarto.
De tanto
rir, o gato da vizinha pensou (os felinos pensam como poucos humanos) que eu
era uma ave, uma refeição da alvorada. Isso porque ele já estava na janela, em
posição de salto, com as unhas à mostra e pronto para me abater.
Imaginei,
com um olho fechado e o outro semi-aberto, que eu seria uma péssima refeição para
um gatinho acostumado com ração.
Dei um
susto nele, rindo mais alto, aos berros gargalhais, e o danado caiu fora. Achou
que eu poderia fazer um churrasco com ele e aproveitar o couro para fazer
um tamborim.
O pior de
tudo não foi o lance do gato me comer. A risadagem havia acordado todos os moradores do
prédio, desde o primeiro surto de kkkkk.
Devem ter
pensado que acertei na mega sena, pois um baiano fora o sortudo, segundo o
noticiário.
Levantei
meio zonzo, rindo pelos cotovelos. Fui escovar os dentes e acabei engasgando
com a espuma espessa de uma nova pasta de dente, especial para ajudar no clareamento das
presas amareladas. Neste instante, parei de rir. Ufa!
Quanta
risadagem em dia de branco, falei comigo mesmo. Quando balbuciei risadagem,
enxaguando a boca, o riso voltou rapidamente, confundindo nos meus ouvidos
risadagem com viadagem.
Olhei com
seriedade para o espelho e disse.
- Isso é risadagem, nada mais. Nenhuma viadagem.
- Isso é risadagem, nada mais. Nenhuma viadagem.
No ônibus
lotado, indo para o trabalho, lembrei da confusão, vindo lentos risos
pelo corpo, começando pelas pontinhas dos pés.
Para não
ser levado para um hospício, desci na primeira parada.
Resolvi
comer uma farofa, numa cantina nordestina, para ver se a risadagem parava. Ela vinha
de dentro de mim como se fosse uma rajada de vento sudoeste.
Quando vi
que todo mundo estava me olhando com um jeito discriminatório, travei o kkkk e
disse bem alto para chocar quem estava me zoiando.
- Porra, não
se pode viver de rir depois de ver o time perder, ficar endividado no cartão de
crédito e tomar zig da namorada?
Um cara
brabo, estilo mato sorrindo quem quer que seja, puxou um revólver 38, apontou para
o alto e disse:
- Quem
não rir com ele, aqui e agora, vai rir no inferno.
Em
segundos, todos estavam num kkkk bestial e o cara brabo rindo mais do que se
imaginava.
Aproveitei a confusão e saí de
mansinho, à francesa, e nunca mais parei de rir.
Kkkkkkk....
Nenhum comentário:
Postar um comentário