sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Concrecoisa Tenho medo


A Concrecoisa de hoje é o que está dito em forma de verso.
É a dura realidade que olha para você, nada mais!
Repito-a, agora, sem medo.

Tenho medo de pegar a chave e abrir a porta de casa
Tenho medo de pisar na rua
Tenho medo de ir à padaria
Tenho medo de levar o cachorro para passear
Tenho medo de dar dois passos em liberdade
Tenho medo de pegar o ônibus
Tenho medo de ir trabalhar
Tenho medo de ir à praia
Tenho medo de ir ao estádio de futebol
Tenho medo de ir ao cinema
Tenho medo de usar relógio ou joia
Tenho medo de levar dinheiro no bolso
Tenho medo de ter um carro
Tenho medo de ser cidadão honesto
Tenho medo do outro que me olha atravessado
Tenho medo do policial invocado
Tenho medo dos factóides dos marqueteiros
Tenho medo do governador impotente
Tenho medo do prefeito incompetente
Tenho medo do presidente ditador
Tenho medo do juiz que vende sentenças
Tenho medo dos picaretas em milhões
Tenho medo dos vendedores de fé
Tenho medo do padre pedófilo
Tenho medo do homofóbico
Tenho medo do xiita
Tenho medo do xenófobo
Tenho medo das picuinhas
Tenho medo do invejoso
Tenho medo das leis que não valem para nada
Tenho medo da droga na esquina
Tenho medo da bala perdida
Tenho medo do noticiário de mazelas na TV
Tenho medo de ser diferente
Tenho medo de não concordar com quem manda
Tenho medo de ser otimista
Tenho medo de ser capitalista
Tenho medo da esquerda fascista
Tenho medo da ditadura
Tenho medo do discurso sem resultados
Tenho medo do uso do gerúndio enganador
Tenho medo do anti-semita
Tenho medo dos sindicalistas
Tenho medo de votar e eleger novos incompetentes
Tenho medo de ter filhos
Tenho medo de andar pelos cantos da cidade
Tenho medo das leis injustas
...
Tenho medo da violência gratuita de Salvador
Tenho medo da violência na Bahia e no Brasil
Tenho medo de estar numa terra que não é mais o paraíso
Tenho medo deste inferno de corrupção
O pior!
Tenho medo de quem deveria fazer alguma coisa para acabar com tudo isso, mas não faz nada
Tenho medo, muito, muito medo...
Tenho medo, muito, muito medo...
Tenho medo, muito, muito medo...
Tenho medo, muito, muito medo...
Tenho medo, muito, muito medo..

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Concrecoisa Goebbels


A mentira começou pequena.
Era, apenas, uma brincadeira gerada no subconsciente para laurear o ego.
Um dia, naturalmente, a mentira havia se tornado algo indomado.
Era tarde para voltar atrás. A mentira, agora, vestia o manto da verdade.
O alemão Goebbels foi um dos artífices da construção da ideologia nazista.
Sua visão sobre a comunicação de massa chamou a atenção de Hitler.
Atuando no regime nazista, Goebbels colocou em prática as suas teorias. O resultado final a humanidade já sabe.
A Concrecoisa desta sexta-feira é uma reflexão do que fora disseminado naquele tempo de totalitarismo na Alemanha.
A mentira só vira verdade quando ela começa a se proliferar nas massas, quando ela se repete.
Nunca deixe a mentira virar verdade.
Não semei esta praga, pois um dia ela pode destruir quem a criou.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Concrecoisa Cristal do Tempo


A cor da vida é o tempo.
A vida é cor.
Em algum lugar, o cristal traduz em cor a luz que passa.
Um dia qualquer, não haverá mais luz.
Não haverá mais cor.
Só uma folha seca e saudosa da cor que se foi.
E o cinza, então, surge no outro lado da vida.
Local onde a cor se escondeu para nunca mais voltar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Concrecoisa Só



O ser nasce , quando não é gêmeo.
O ser morre , quando não está num sinistro final coletivo.
Hoje, estar não significa dizer que alguém vive em plena solidão.
O ser que é sozinho não dista do outro ser que reside dentro de cada um.
Seria um sósia o ser que vive em cada um? Sei lá!
Em teoria, podemos estar quando nos afastamos do mundo social.
A Concrecoisa Só é o simbolismo da contradição do que seria, ou não, ser .
A palavra , por exemplo, tem duas letras. O não está porque a letra “S” acompanha a letra “O” e de quebra tem o acento agudo no “O”.
Estar é uma sensação de liberdade total sem a sombra do outro.

O ser é sozinho, o ser e a solidão
O ser é sozinho, o ser sem coração
O ser é sozinho, o ser sem o ser
O ser é sozinho, o ser sem o viver
O ser, sozinho, o ser...
                ...é o silêncio
                       ...é o sonhador
                             ...é o ser igual ao outro ser

Vamos dar o último passeio, minha sombra? O sol já vai se pôr!