sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Concrecoisa Microconto III


Zeuer, goleiro do time Lilás, combinou com Precrion, bandeirinha da partida final do campeonato, para ele dar uma mãozinha no resultado.

A grana altíssima estava sendo bancada por cartolas e empresas de comunicação.

O acordo foi firmado na calada da noite, um dia antes da decisão.

O jogo estava teoricamente com as cartas marcadas.

Em impedimento, Vesgo colocou o time Lilás com uma mão na taça.

O acordo entre Zeuer e Precrion estava dando certo.

O time Cinza, porém, empatou com Birigó, com um gol de mão.

O árbitro Noneco disse que foi legal.

Em seguida, Tubarão fez o gol da virada fazendo falta em Zeuer.

Depois de muita confusão, o time Cinza acabou levando a taça.

O acordo não vingou.

No vestiário, Precrion foi perguntar a Noneco por que ele não anulou os gols irregulares.

Noneco sorriu e disse.

– Quem tem o apito na boca não faz nascer uma sombra no escuro.

No dia seguinte, Noneco dormiu abraçado com uma mala de dinheiro.  

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Concrecoisa Microconto II


Ele decidiu falar.

Depois desistiu.

Uma hora depois, voltou a decidir.

No dia seguinte, desistiu.

O tempo foi passando, foi passando...

No último suspiro, antes de decidir ou desistir falar, o silêncio calou a decisão.

Assim viveu se enganando.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Concrecoisa Microconto I


Talvez, um homem livre.

Na cela de Lisboa.

O seu veículo para o futuro era o não tempo.

O existir: uma sela da montaria circunstância.

A cela estava tomada pelo outro.

E o vazio nunca fora sua sela.

A multidão sim.

Síntese das selas ocupadas pela esperança.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Concrecoisa Microconto


Mirum casou com Nercita.

Foram felizes, até o último suspiro.

Tiveram filhos.

Todos casaram.

E também foram felizes.

E as flores plantadas por Mirum e Nercita nunca deixaram de embelezar o caminho do amanhã.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Concrecoisa Embriaguez do sol


A luz nasceu.

A sombra acordou.

A noite caiu.

O dia voltou.

Tudo se repetiu.

E a sombra.

Parte do nascer do dia e do cair da noite.

Sentiu em si a essência da embriaguez de um dia de sol.