sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Concrecoisa Útero


O poeta nasceu num túnel.
O túnel era o seu útero.
E o útero a palavra.

O poeta morreu no túnel.
O túnel era o seu túmulo.
E o túmulo a palavra.

O poeta renasceu no túnel.
O túnel voltou a ser útero.
E o útero a palavra.

O poeta imortalizou-se no túnel.
O túnel era o seu tudo.
E o tudo a palavra.


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Concrecoisa Tempo do tempo


A dor era insuportável.

Uma presença instalada, total sofrimento.

A dor soterrou tudo.

Principalmente o sorriso.

Cansada de ser o sofrer, a dor liderou uma revolução.

No campo de batalha, ferida, encontrou o tempo.

Implorou por ajuda.

Certo dia, a dor sumiu.

O tempo do tempo foi a cura.

O sorriso voltou a sorrir.

E as dores da vida estavam sepultadas.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Concrecoisa Galo em Cor


Voltei a pintar com tinta acrílica sobre tela.

Pintei a Concrecoisa Jânio Quadros e abstrações geométricas.

Dentre as abstrações geométricas, nasceu a obra  “Galo Vencedor”, gerada pela espontaneidade harmônica das formas poligonais em explosão de cores.

O grande amigo museólogo Anibal Gondim, doutor em montagem de exposição, fotógrafo experiente e criador de aplicativos voltados para o turismo cultural e museus, aprovou como conhecedor das artes visuais as minhas pinturas.

No último sábado, dia 1º de outubro, Anibal foi abduzido pela pintura abstrata chamada “Galo Vencedor”, adquirindo-a num piscar de olhos.

Hoje, faço uso de uma das minhas pinturas, o “Galo Vencedor II”, na forma de concrecoisa, por sugestão de Anibal.

Só não utilizei a imagem “Galo Vencedor”, que desencadeou tudo isso agora narrado, porque a tela está vestindo-se de moldura para viver feliz numa parede do apartamento de Anibal, já reservada por Simone Trindade, sua mulher.

E a imagem do “Galo Vencedor II”, agora Concrecoisa Galo em Cor, dialoga com as palavras, que suplementam aquilo que precisa emergir de um lugar que não cabe explicação.

A cor fez o galo.
O galo nasceu da cor.
A cor fez a forma.
A forma do galo é cor.

Assim é a vida: talvez arte.

Assim é a arte: com certeza vida.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Concrecoisa Amam

O vazio era, por si só, tudo.

Houve uma explosão.

A matéria passou a existir.

Depois surgiram mais matérias, que dançaram juntinhas em ritual de multiplicação.

Desse ritual, a vida nasceu em forma de nova matéria que aprendeu o que é morrer.

A partir de uma vida, outras vidas surgiram.

E dessas vidas, os humanos inventaram o amor.

Foi assim que uma matéria descobriu que todas as demais matérias amam.

E a notícia desse amar ganhou mundo e virou concrecoisa.