sexta-feira, 30 de março de 2018

Concrecoisa Pó do Tempo



– Tudo é pó, tudo é pó...

– Por que você diz isso, Keinel?

– Porque eu sinto a poeira do tempo no meu sangue.

– Como assim?

– Veja bem Driel. Já foi pedra, um dia, a areia que escorre e conta o tempo na ampulheta. Essa pedra é o ser humano ao nascer.

– Explique mais Keinel.

– Não precisa. Perceba que “o pó da vida é o pó deixado na vereda do tempo”.

– Percebi. É por isso que o vento sopra o pó de todos!

sexta-feira, 23 de março de 2018

Concrecoisa Aça



Zirielson comprou um livro raro.

Pelo valor pago, saiu barato.

Minutos depois, foi lê-lo na praça da cidade onde morava.

E para a sua surpresa, uma traça caiu no seu colo.

Ele riu do insetinho e fez até uma graça.

Por causa desses acontecimentos, Zirielson virou poeta.

E o seu célebre poema dizia:

A traça

Faz graça

De graça

Na praça

Até hoje, Ziri, como é chamado pelos íntimos, permanece anônimo, como a maioria dos poetas.

O livro da traça foi a sua libertação.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Concrecoisa Útil



Trabalhou, juntou dinheiro, comprou o que quis.

E assim enfrentou os invernos da vida.

Um dia, depois de um susto que abalou o seu espírito, resolveu refletir sobre o sentido da vida.

Concluiu que tudo que adquiriu com o dinheiro era útil.

E achou, em boa medida, que tinha uma parte inútil.

E achou também que uma outra parte era fútil.

O tempo foi o grande revelador de tudo, ou seja, da vida em sua circunstância.

E o útil passou a ser fútil e inútil, dependendo de cada momento do viver.

sexta-feira, 9 de março de 2018

Concrecoisa Tolerância





Eu sou amarelo.

E eu sou azul.

Eu sou vermelho.

E sou verde.

Eu sou violeta.

E eu sou laranja.

As cores não são dores.

As cores são amores.

Elas são o que são.

Amarelo + azul + vermelho + verde + violeta + laranja = tolerância.

Isso é o que o mundo precisa!

sexta-feira, 2 de março de 2018

Concrecoisa Ignorância



Ele tinha certeza de tudo.

Ela também.

Só a certeza dele era uma verdade.

E só a certeza dela era uma verdade também.

Ele nunca reconheceu que era ignorante.

Ela também.

Ambos viveram cultivando a ignorância da certeza.

Um dia, a ignorância foi fatal.

Matou ele.

Matou ela.

Matou como se nada tivesse acontecido, sem dó e sem piedade.