–
Pode comprar, eu garanto. A casa não tem problema de documentação. Qualquer
coisa, devolvo a sua grana.
–
Tunugo, não é melhor deixar no papel, tudo certinho e no preto e no branco?
–
Diogre, você sabe que eu não assino nada e negócio comigo é na palavra. Cê né
homem não?
–
Não me venha com esse papo mole de ser homem, Cê sabe que sou espada! Aqui é
negócio. Sabe lá se um dia a sua palavra bufe. Aconteceu certa feita com o velho Nicolau,
lembra? Ele sofre até hoje.
–
Rapaz, vai ou não vai fechar o negócio?
–
Vou confiar na sua palavra. Venha, aperte cinco, com a mão direita.
Assim
o negócio foi fechado entre Tunugo e Diogre.
Um
mês depois, a casa entrou na dívida pública porque o antigo proprietário não
pagou os impostos.
Aflito
com a situação, Tunugo procurou Diogre para rever o dinheiro da negociação.
–
Viu Diogre, a casa tinha problema na documentação. Quero o meu dinheiro de volta.
–
Que dinheiro?
–
O que eu paguei. Você deu a palavra que não ia ter problema.
–
Né mais comigo não. Veja com o antigo dono.
–
Você deu a palavra, lembra?
–
Lembro não. Esse negócio de palavra já era.
–
Bem que meu pai dizia que “palavra é honra de poucos”.
–
Pois é! Você devia usar na prática o que seu pai dizia.
No
dia seguinte, Tunugo estava foragido e Diogre com a boca cheia de formiga.
Diogre
não sabia que na lápide do pai de Tunugo estava escrito “palavra sem honra se
resolve na bala”.