sexta-feira, 29 de maio de 2015

Concrecoisa Mãos


Uma mão se perdeu da outra mão.

Nas buscas tristonhas, vagou por mundos desconhecidos.

Um dia, encontrou um espelho no caminho.

E lá estava a outra, a mesma: a mão.

Uma virou duas, na solidão narcisada.

E o que era esquecimento de uma se transformou em lembrança da outra.

As buscas cessaram.

As mãos estavam felizes...

Até o tempo devorá-las em calos acumulados de cada dia!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Concrecoisa Ventadia


O vento acordou a manhã.

E sussurrou no seu ouvido palavras de amor.

À noite, o vento soprou canções de ninar.

E o dia adormeceu esperando a chegada do outro dia.

E quando o outro dia nasceu, o vento soprou luzes.

E no vento da ventania.

O dia virou ventadia.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Concrecoisa Aqui é Ali


Quando eu era pequeno, ficava viajando nas formas mutantes das nuvens.

A todo instante uma imagem nova se formava.

Muita imaginação que só eu via e vibrava por ver.

Eu ficava deitado no chão de papo para o ar.

Os meus amigos não percebiam as formas que só eu via surgir.

E olhe que eu apontava lá para o céu.

Monstros, heróis, animais e deuses me olhavam felizes...

Cada nuvem contava a sua própria história.

Era um desenho animado dos mais imprevisíveis.

Tudo branquinho em céu azul!

Hoje, as nuvens continuam contando belas histórias.

Pois aqui é o ali para o ali de lá.

Entendeu?

Não.

Veja bem...

O ponto de vista é mutante conforme o referencial.

Sacou?

Valeu! 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Concrecoisa Lua Sua



A lua é de todos.

Mais ainda dos lunáticos.

Que ao andar pela rua.

Enxerga a lua nua.

Certo dia.

Quando a lua se escondeu atrás do sol.

O lunático mais lunático.

Achou que o sol era a lua.

Como não foi desmentido.

Viveu feliz.

Mais feliz ainda ao meio-dia.

Ao sol do luar.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Concrecoisa Ampulheta


A ampulheta fascina.

E sempre nos diz alguma coisa à medida que os grãos de areia vão caindo no seu interior.

Enquanto tece o tempo passado, a ampulheta conta um pouco da vida de cada um.

E assim vamos amontoando os grãos das vivências.

Pois a ampulheta da vida é o presente e a expectativa do amanhã alimento.

O porvir sempre é alimento da vida, resume-se a ampulheta silenciosamente!