sexta-feira, 25 de maio de 2018

Concrecoisa Nem um



Ele estava ao lado de todos.

Eram milhares.

A praça era uma só voz, um único suspiro.

Todos significavam um.

As horas foram passando.

E ele ficou só.

Nem um suspiro para partilhar.

Nem um olhar para trocar.

Nem um aceno para retribuir.

Nem um verbo para conjugar.

Nem um beijo para amar.

Nem um agir no viver.

Nem um ...

Nem um ...

Ele: nenhum dizer em solidão.


sexta-feira, 18 de maio de 2018

Concrecoisa Receita



Os tempos estão movediços

Os ódios elevadíssimos

Os medos aprisionados

Os corações abalados

Os poderes apodrecidos

Os sonhos acorrentados

E os conselhos inabalados

Nas receitas de vovó.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Concrecoisa Mar de Lágrimas



Ele chorou.

Ela chorou.

Eles choraram.

Quase todos choraram.

Só os tiranos não choraram.

Eles morreram afogados no mar.

E o poeta escreveu na areia da praia:

O choro

Do coração

Fez um mar

De saudade

E o mundo ficou melhor!

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Concrecoisa Suspiros



Ventava forte!

As folhas da amendoeira dançavam ao som da sinfonia da gravidade até beijar o chão.

A natureza executava uma de suas valsas.

Na campina, ele não perdeu nenhum fotograma do filme do vento.

Ele suspirava.

E os suspiros eram ecos do tempo no ar.

E ecos lançados no mar.

Também ecos do viver no amor.

A valsa da natureza continuava tocando.

Oof!

Ufa!

Suspiros...

O dia amanheceu sem ventania.

Só suspiros.

E a calmaria ensinou que tudo passa!