sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Concrecoisa Fragmentação



A fragmentação é uma possibilidade que atormenta, às vezes.
Da palavra à matéria, a fragmentação acontece em processo natural.
É da vida!
Tudo se fragmenta.
Repito: tudo se ‘f  r  a  g  m  e  n  t  a’, como a própria fragmentação da palavra fragmenta.
Em a natureza, a areia é fragmentação de uma pedra que vai se erodindo até virar grão em quantidade.
E a palavra também sofre erosão, perdendo letras que se misturam com outras letras, renascendo no colo da linguagem.
‘A morte’, por exemplo, é parte de um ‘amor’, um amor que migra de quem ama para o outro, que é o te.
Sim, o te, de te amo!
Como tudo se fragmenta, ‘a morte’ é ‘amor te’ em processo de erosão e colagem.
Já a fragmentação do tempo, aqui na Concrecoisa, é o passado que se afasta do presente.
Antes de virar verme, fragmentação da vida, o poeta passeia pela Babilônia, come acarajé com pimenta e vatapá, toma café expresso sem açúcar na Ceasinha do Rio Vermelho, fuma um charuto do recôncavo baiano e finda o dia chupando um picolé de tapioca, da Capelinha, diante do sol que fragmenta a própria luz no horizonte da Baía de Todos os Santos.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Concrecoisa Meu Bem



Quando falamos “meu bem”, naturalmente, entoamos o mantra do querer bem.
É incrível como esta canção transforma a vida.
Na alvorada, o meu bem invade o dia, que é a luz do sol que passa pela fresta de uma janela.
Durante o dia, o meu bem faz o tempo passar feliz, sem pressa, sem estresse, sem a doença do poder: síntese do mundo das falsidades.
À noite, o meu bem reza para mim, e, em paz, adormeço com a certeza do começo de tudo na manhã seguinte.
Assim, caminhamos pela estrada da vida.
Mas nem todas as estradas acolhem as pegadas deste caminhar com um meu bem.
Ao longe, em qualquer lugar, alguém procura o seu bem, que é um outro alguém para dizer meu bem.
Mas este outro alguém para dizer meu bem não existe, pois o alguém que procura nunca soube o verdadeiro significado de meu bem.
Entre uma busca e outra por um meu bem, a estrada termina.
Meu bem, meu bem, meu bem...
Agora o mundo está zen!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Concrecoisa Vox Populi



A voz do povo é a voz de Deus.
Vox populi, vox Dei.
A voz da justiça é a voz da consciência.
E quem é a consciência?
É o poder da grana de quem tem poder paralelo?
É o espírito livre do juiz ilibado?
É a vigilância dos meios de comunicação e dos jornalistas?
É a artimanha incrustada da corrupção nas tetas da Nação?
Não sei bem, sinceramente não sei responder.
O que sei, imagino, pressuponho, é que os tempos mudaram e a voz do povo circula nas redes sociais. Antes circulava nos muros públicos.
A Concrecoisa Vox Populi é uma homenagem ao ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão.

Bravo
Bravil
Barvosa

A letra vê, da vitória da vox populi, é o Brasil (Bravil) reescrito pelo ministro Barbosa (Barvosa).
Sou cético, quase sempre, e não acredito em mais nada, porém quando vejo um brasileiro de espírito livre, como o ministro Joaquim Barbosa, o meu ceticismo deixa um feixe de luz da esperança riscar as trevas da corrupção e da impunidade.
E a história que está sendo contada irá dizer quem é leviano.
A vox populi sabe quem é.
A vox Dei já sabe quem é.
Eu ainda não sei!
Se você souber quem é me diga em segredo para não sofrer injustamente.
Prometo não contar para ninguém.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Concrecoisa Sim no Não



O não pode ser um sim.
Para a afirmativa acima ser verdade, então, basta dar um não ao não.
Aí, na lógica das coisas mundanas, o não passa a ser um sim.
O sim já é um sim.
E o não já é um não.
E o não também pode ser um sim no não ao não!
A Concrecoisa Sim no Não é este jogo lógico.
É por isso que o ser desesperado implora ao senhor do não:

não
me
um
não

um
não
ao
não

Se ele obteve um sim direto, não sei. São outros quinhentos.
Ao menos este ser soube transitar por mundos paralelos.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Concrecoisa Gente




A vida que temos é um presente.
Muitos não agradecem este presente superior.
É da vida o não agradecer.
Como a vida contempla o agradecer e o não agradecer, é da vida, também, o amor e o desamor.
O tema já foi batido e rebatido na mídia e em discussões filosóficas e narrativas literárias.
Virou algo perto do banal, mas nunca saiu de moda.
Encurtando o papo, a Concrecoisa Gente mergulha numa reflexão superficial sobre o amor e o seu existir.
São visões paralelas e complementares que se apresentam.
A imagem complementa o texto poético que diz:

Tem gente
Que vive
E não sabe
O que é amor

E se não sabe
O que é amor

Quem nasce
Não vive
Mas é gente

Parece existir contradição no que foi dito, mas não há contradição e, sim, constatação.
Viver sem amor não descarta e condição de ser gente.
Gente sem amor é gente, mesmo com um vazio estabelecido pela ausência de um sentimento tão denso.
Vou ali colher um pouco do amor semeado em tempos de cólera.
Ainda bem que a campina de muita gente é fértil.
Para quem secou a fonte do amor, uma saída é renascer gente novamente. É também mais uma chance de agradecer ao superior.