sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Concrecoisa Ou Não


O claro não é claro no claro.

O escuro não é escuro no escuro.

Claro, ou não.

Escuro, ou não.

O cantor e compositor Walter Franco lançou o “ou não” na Música Popular Brasileira.

O seu disco de 1973, com a capa toda branca e a foto de uma mosca, leva o nome "Walter Franco - Ou não”, que é uma possibilidade frutificada na letra da canção “Cabeça”.

Walter Franco é um gênio. Gosto muito do seu trabalho musical.

Hoje eu resgato o seu “ou não” ao falar das possibilidades da luz.

Tudo é possibilidade, ou não.

Depende das circunstâncias.

O claro é claro em relação ao escuro.

O escuro é escuro em relação ao claro.

Tudo claro. Tudo escuro.

Nada é claro. Nada é escuro.

Assim quer a luz.

Ou sim!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Concrecoisa Jogo da Vida


Começou, sem saber o caminho.

Caminhou, caminhou, caminhou...

Seguiu.

Trilhou só.

Depois com alguém, sem nome: apenas um outro.

Parou, diante de uma cruz.

Rezou, mesmo sem saber no papel o que era devoção.

Foi aprendendo, assim, conforme cada necessidade.

O tempo era seu amuleto.

Tempo que parava diante d’um problema.

Pulou etapas.

Sentiu frio e riu.

Traquinou com a dúvida.

Nunca chegou ao fim da caminhada.

O fim era sempre o seu começo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Concrecoisa Muito medo


Nascer...

Muito medo aparece.

Anos passam...

Muito medo aumenta.

Infância...

Muito medo de monstros.

Adolescência...

Muito medo da rejeição.

Vida adulta...

Muito medo da incerteza.

Velhice...

Muito medo da morte.

Morte...

Muito medo da ressurreição.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Concrecoisa Além das Pedras


No dia 7, data da Independência do Brasil, o amigo José de Jesus Barreto encaminhou para o meu e-mail o poema abaixo:

Pedras pensam e pulsam
Pedras que rolam e cantam
Pedras que dizem e calam
Pedras tão belas e cálidas
Pedras sagradas e calmas
Pedras que abrigam e ferem

As pedras vivem e sabem
Pedras guardam
E dormem.

Ele disse o seguinte, por telefone, no decorrer do papo cultural, futebolístico (centrado no Esporte Clube Bahia, nosso time do coração), político e astral:

– Não é amanhã (quinta-feira) que você faz a concrecoisa?

– Sim, respondi.

– Talvez sirva, emendou.

– Beleza! Vou ver, completei sem assegurar que faria a concrecoisa.

Eu já estava com uma outra ideia engatilhada, mas diante da beleza dos versos de Barreto, acabei topando com o que chamei de Além das Pedras.

E as pedras rolam sem parar!

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Concrecoisa Adentrar


Adentro à sala em chamas, só.

Carrego no peito um amuleto, a letra “a”, adentrada em si, em outras “as”.

Adentro no seu coração, num adentrar invisível ao seu olhar.

Fico num cantinho, em silêncio, escutando-o bater feliz.

Tum, tum, tum, tum... Batucada sincrônica da vida.

Ainda no cantinho, ouço o canto do seu sangue correr, um rio vermelho veloz.

Tum, tum, tum, tum... Talvez seja a sinfônica dos cavalos da tropa da salvação entrando na cidade devastada pela ventania da saudade.

Adentro agora nos seus poros, capilares dos capilares.

E findo o adentrar fixando-me no infinito das possibilidades do inexplicável pulsar do amor.