sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Concrecoisa Sim já


Nem preto, nem branco.

Nem branco, nem preto.

É preto, sim!

É branco, sim!

Se é preto e se é branco, é cinza.

Tudo é cinza.

(Sim)za.

Cin(já).

Cinza.

Sim já.

Agora não tem mais intolerância, pois é Natal e tudo é cinza e será cinza.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Concrecoisa Sussurros

O som sempre esteve presente nas fases do amor.

Ele está no beijo.

No olhar.

No cheiro.

No tocar.

No vestir.

No despir.

No rir.

Na vida em si.

E quando se pensa que o som do amor desapareceu.

Ele ressurge de outras formas.

Numa manhã de sol, ele acorda em sinfônica de alegria.

Num dia de frio, ele embala o sono em cama quentinha.

Por estas e outras o som do amor é indestrutível.

E o apaixonado sempre ouve sussurros do amor no eco do silêncio.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Concrecoisa Situação


Certa ocasião, em Lisboa, vi um trilho de bonde findando no meio da rua e perto de um passeio.

As pedras de paralelepípedos bem organizadas deram um efeito especial ao fim inesperado do trilho.

Essa imagem ficou guardada nos recônditos da minha memória e de vez em quando eu revisito as minhas memórias para não deixar algo que fora vivido ou imaginado morrer nas zonas abissais do cérebro.

Hoje, o trilho do bonde não é trilho.

Aqui na concrecoisa, o trilho do bonde é labirinto.

Sim, um labirinto que começa e finda dentro de duas possibilidades.

Uma porta que é para entrar é também uma porta para sair.

O fim é começo e o começo é o fim.

Sempre foi assim.

Findo...

Na próxima sexta-feira, começo tudo outra vez.

E assim as minhas memórias vivem em mim.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Concrecoisa Vixe


Na fila, o papo de várias pessoas, já em andamento.

...

– Oxente, rapaz... Se oriente, viu? Tá tudo certo.

– Deixa de patrulha! Deixa rolar... O mundo é cibernético e todo mundo sabe de todo mundo.

– Senha 44.

– Vixe, quanta sem-vergonhice no ar.. Cê viu? Eu vi a foto na internet. Belezura!

– De quem?

– Nem te conto...

– Contaê?!

– Senha 45.

– Só amanhã. Chegou a minha vez. Já estão me chamando pela senha.

– Oxe, e amanhã você vem novamente?

– Não. Você me acha na internet.

– Vixe, como as coisas são rápidas. Já tenho um novo amigo.

– Fui!

– Vá lá.


– Senha 46.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Concrecoisa Fenecer



Acabou...

Gotas d’água na face.

Terminou... 

O rio virou cachoeira do chorar.

Fim do sonho do eterno.

Fenecer para renascer de novo.

E depois refenecer.

À espera do milagre.

Do renascer sem fim.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Concrecoisa Amor e Arroz



Gostoso é juntinho.

O amor.

Gostoso é juntinho.

O arroz.

Gostoso é juntinho.

O baião de dois.

Gostoso é juntinho.

O carinho.

Gostoso é juntinho.

O segredo.

Gostoso é juntinho.

A presença de Deus em nós.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Concrecoisa Juntinho



Uma letra falou para outra letra: chegue mais perto.

As letras então foram se abraçando. 

Era inverno.

O frio doía tudo: serifas e não serifas; pele, osso e carne.

A depois d’um quentinho juntinho, letras viraram palavras.

E uma palavra falou para outra palavra: chegue mais perto.

E as palavras foram se abraçando.

Era inverno do inverno.

O frio doía o frio.

A depois d’um quentinho, as palavras viraram frases e as frases viraram texto.

Depois chegou o verão.

E tudo que estava juntinho, juntinho permaneceu, dando calor à vida.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Concrecoisa Rota



A rota está além da porta.
 
Uma pessoa passa.
 
Duas pessoas passam.
 
Uma multidão passa.
 
Milhares de vidas passam.
 
Muito ruído no caminho.
 
E a porta se abrindo...
 
Ruído, ruído, ruído, ruído...
 
Ratos roendo a porta.
 
Roendo e ruídos e ruídos no roer.
 
Roendo, roendo, roendo, roendo a rota.
 
A rota é a porta.
 
A rota é a porta.
 
A rota é o além!