sexta-feira, 28 de maio de 2021

Concrecoisa Tela-trama

 


A tela da TV mostra a trama.

Mostra a teia.

Mostra a textura.

Mostra tudo.

E mostra que treme quando falta a grana.

A tela-trama-teia-textura é pura mistificação das massas pela ideologia do seu dono.

E quando a grana chega, a tela se ajoelha, fica em silêncio e esquece tudo aquilo que mostrou.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Concrecoisa Cada estrada feliz

 

Todo mundo é estrada 

E a felicidade corre nela

Na pista

No acostamento

Até nos levar para algum lugar.


E no destino traçado pelo viver

Essa tal felicidade vai aumentando

Por retas e curvas

No asfalto liso

Nos buracos

Nos cascalhos

E na poeira levantada pelo destino.


E nas rotas marcadas por caminhos e descaminhos

A vida feliz só aumenta

Conforme o estradar que cada um escolheu.


quinta-feira, 13 de maio de 2021

Concrecoisa Agir

 

A rua ficou deserta.

O vírus afugentou todo mundo.

E dentro das casas, ele agiu.

O vírus agiu e reagiu.

Ele sabe que agir é movimento.

E que movimento é um reagir constante.

Dentro dessa perspectiva, o filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso disse que “tudo flui, tudo é movimento”.

Numa outra projeção, agir e reagir apontam para o renascer.

E a rua, agora, não está mais deserta.

O mundo afugentou o vírus.

Fora das casas, a vida gritou.

A vida, na verdade, agiu e reagiu.

O movimento é a vida.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Concrecoisa Infiltrado

Aquela cidade fantasma “sentia frio”, ao ser “lavada” pelo vento polar. 

Ela morreu quando nasceu um infiltrado.

Ele estava dentro de um ovo.

Falaram que era o ovo da serpente, mas não deram ouvidos às falas que ecoavam pelas ruas centrais.

O certo é que era, sim, um ovo diferente.

Dele, nasceu um infiltrado.

Ele chegou para combater o sistema.

Sua missão era contestar e destruir.

Com o tempo, outros ovos chocaram mais infiltrados.

A cidade trincou por causa das revoltas.

O sangue correu pelo asfalto.

O sistema resistia com a sua frieza e os seus cálculos precisos.

Porém, num dia, o infiltrado número um conseguiu acabar com a vida de todos.

Concluiu a sua missão.

Restou o cartaz que dizia:

“De um ovo nasce o infiltrado contra o sistema”.

E o vento frio sopra a poeira que restou da vida na cidade fantasma, uivando no silêncio da multidão!