sexta-feira, 31 de maio de 2013

Concrecoisa Balavras




As balavras são balas verbais. 
 
Elas matam os espíritos.

E os corpos atingidos pelas balavras, quando ficam vivos, eles levam uma vida de sofrimento. 

Pois, desde sempre, tudo se transforma em sofrimento por causa da balavra certeira, que faz sangrar as ideias, os sonhos e os desejos.

Nos descaminhos da vida, as balavras tentam achar os caminhos da razão.

Enquanto isso, um espírito qualquer – que surge após uma balavra furar o coração entediado pela violência urbana – busca na carne morta uma nova vida.

E a balavra corta o espaço num desejo incontido para ser um dia uma palavra. 

Quando consegue se transformar, em processo, em metamorfose ambulante, a balavra morre para depois ressuscitar na concrecoisa. 

É só isso!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Concrecoisa Certeza da Dúvida II



Continuo falando da certeza da dúvida nesta segunda versão da concrecoisa.

Mantenho a discussão do tema porque a dúvida (de qualquer assunto) permanece em todos nós, mesmo sem a nossa vontade.

Na concrecoisa anterior, revendo a imagem, percebemos que a palavra “dúvida” está abaixo da palavra “certeza”.

Nesta versão II, houve uma inversão de posição entre as palavras “certeza” e “dúvida”.

O motivo: eu tinha dúvida da melhor forma visual da concrecoisa.

Saindo do campo da imagem e mergulhando no campo da inquietude humana, vejo que a especulação deste tema reside na forma siamesa do sentido das palavras “certeza” e “dúvida”.

Aqui, uma palavra não se desgarra da outra.

Digo isto porque, quando ocorre uma especulação no campo da linguagem, “certeza” e “dúvida” se envolvem com tensão e distensão diante da razão.

O resultado acaba beneficiando a dúvida em si, pois na dúvida a certeza fica com um pé atrás.

Não vou apertar mais a minha mente neste limite tênue que aqui se clarifica.

Na certeza que carrego, fico sempre a duvidar de tudo.

E a ilusão de viver a plena felicidade permanece presente na certeza que cada pessoa quer construir.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Concrecoisa Certeza da Dúvida



Ele era riquíssimo. O primeiro do mundo no ranking das maiores fortunas. Tinha tudo, ou melhor, quase tudo que queria.

Detestava o mundo envolvido com a corrupção. 

Execrava Brasília.

Não fazia negociação com o governo. Não precisava do erário. 

Adorava as mulheres e a vida romântica.

Nunca se casou. 

Diziam que era homossexual. Mas ele não ligava para os boatos. 

Era feliz sozinho, nada mais.

Certa feita, quando um jornalista lhe perguntou por que vivia sozinho, respondeu sem pestanejar.

Será que ser feliz significa conviver diariamente com outra pessoa? Devolveu a pergunta e se foi.

Tempos depois, reencontrou com o jornalista e relembrou a pergunta. Respondeu o seguinte:

Vi um casal bem velhinho e de mãos dadas andando numa praça londrina. Acho que depois desta imagem aumentou a minha certeza da dúvida.

Como assim, perguntou o jornalista.

Veja bem. A máscara da felicidade é uma, apenas uma. Numa vida a dois, alguém tem que vestir a máscara e neste instante o outro não. Daí, vejo que a felicidade só existe em uma pessoa, não em duas ao mesmo tempo.

E você tem certeza do que fala? Perguntou novamente o jornalista.

Tenho dúvida e tenho certeza, tudo ao mesmo tempo. Na certeza de minha dúvida, fiz nascer a minha certeza de duvidar de tudo. Na dúvida sem fim, vivo melhor sozinho, pois ter o outro ao lado também é ter a dúvida em dobro. Duvide sempre de tudo, inclusive deste nosso encontro.

Depois deste papo, o jornalista terminou o resto da vida bem mais perto da mulher amada. Duvidou da resposta do homem mais rico do mundo.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Concrecoisa Ciclo



Tudo na vida é se resume num ciclo.

Tem ciclo para tudo e tudo tem um começo e um fim.

O ciclo se fecha no próprio ciclo e o fim encontra o começo, que encontra o fim, que encontra o começo...

Aqui, o círculo é o ciclo fechado, com o começo fechado no fim, que se transforma em começo. 

Para alguns, o começo é o recomeço. 

Certa feita (tinha uns 22 anos), quando era instrumentista industrial e trabalhava na Refinaria Landulpho Alves, em Mataripe, matutando sozinho, pensei poeticamente algo relacionado ao ciclo do tempo.

Nesta época, eu estudava matemática na Universidade Federal da Bahia. Depois mudei para a área de comunicação, para o jornalismo. 

Anotei e memorizei o pensamento, que é o seguinte:

O fim é o começo
Para um outro fim
Que nunca será fim
Mas, sim, começo e fim
Que juntos formam o presente

De lá pra cá, o tempo passou rápido... Já são tantos anos, tantos ciclos, tantas voltas.

E neste tempo, fins e começos se acumularam em mim em poeiras do viver.

São os ciclos que ciclam nas batidas do coração.