sexta-feira, 31 de julho de 2015

Concrecoisa Luzberdade

A luz estava aprisionada na escada do Louvre.

Na pedra polida da civilização.

Um dia, após saber da revolução astral, a luz solitária quis se libertar.

E a pedra, para não viver sozinha, ofereceu o seu coração vazio, espaço oco da matéria.

A luz, então, se dividiu em duas partes e promoveu uma nova revolução na França.

A liberdade passou a ser luzberdade!

E o iluminismo ficou mais clarificado.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Concrecoisa Dor


O amor foi embora.

João ficou só.

Restou-lhe a dor.

A dor da perda.

Certo dia a dor virou remédio.

Um remédio de dentro de João.

E o amor chegou.

João, agora, não está só.

Sem dor, a cura renasceu.

Pois a cura estava em João.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Concrecoisa Nova Hera


A transformação estava para chegar.

O sonho renasceu nos lírios fantasiados na luz do sol de Dionísio.

As décadas de 60 e 70 do século passado não tinham passado.

Ele não morreu...

Tudo continuava como antes.

O corpo ainda mantinha o movimento para dançar.

A contracultura permaneceu nele.

Ele era um ser solitário, sem sê-lo.

Mesmo com o mundo girando no dorso do capital, a liberdade foi seu capital, negando-o.

Ele conseguiu sobreviver.

E a Nova Era se avizinhou mais uma vez.

E a Era de Aquários derramou a água da Nova Era.

Ele, feliz, plantou a nova hera num muro.

E o muro enverdeceu o cinza do terror.

O sonho não morreu...

A nova hera é a realidade que o sonho plantou.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Concrecoisa Pele


A pele do escritor é o texto.

A pele da parede é a casca.

A pele do ser é a vida.

A poeira é uma pele da corrosão do tempo.

A página em branco é a pele do silêncio, do vazio.

Tudo é pele, tudo é pele, tudo é pele...

A tinta é pele, quando se fixa.

E todas as peles não passam de aparências.

Pois todas as peles são iguais.

Porque a pele é humana.

(Para Marivaldo Filho, o Maru).

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Concrecoisa Tempo do tempo


Tem gente que deseja que o tempo passe logo.

Quem faz isso pede sem consciência para a vida encurtar com rapidez.

O sábio deixa o tempo chegar no tempo certo de chegar.

E das muitas coisas que o tempo me ensinou.

Posso dizer que ler a concrecoisa é fazer bom uso do tempo.

Digo também que fazer a concrecoisa é o meu bom uso tempo.

A troca desses tempos é um caminho da felicidade.

Tempo, tempo, tempo, tempo...

Você é coisa fechada.

E eu deixo a vida fluir em si.