sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Concrecoisa Fui



Estamos indo, sempre indo, de um lugar para outro lugar ou para dentro de nós mesmos, que indica ser o mesmo lugar.
A concrecoisa que se apresenta poeticamente na vertical, com as cores definindo a pontuação do verso, é um fim sem fim.
Este fim sem fim é um andar liberto pelo labirinto que nos leva ao niilismo em formação.
Quando deslocamos monossilabicamente pela estrada que não tem fim, que é a concrecoisa em sua essência, estamos deslocando pelo espaço infinito, como fez o cosmonauta russo Iuri Gagarin, primeiro homem que zanzou pelo ar do além Terra.
O andarilho solitário da Concrecoisa Fui não é um louco.
Ele é a representação da inquietude marcante do devir.

Um dia eu fui
E
Ao ir
Fui só
Mas
Eu não sei bem se fui só 
Sei lá se fui 
Sei lá se não fui 
Só sei que ir tem um fim
Pois
Se ir não tem fim 
O fim não vem na luz que vai com o pôr do sol 
Ou
No som que vai ao sul
Já não sei mais se fui 
Já não sei mais se não fui
O fim vem sem eu ir 
Se fui ou não fui
Eis um fim sem fim 
Fui...

Antes de ir, pegue a identidade, um lenço e muita grana. Serão indispensáveis.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Concrecoisa Transformamor

A transformação do amor é tema da concrecoisa desta sexta-feira.
Serve para qualquer pessoa e em qualquer parte do planeta, pois amor é potência, traduzo-o em Nietzsche.
Os pedaços de um amor, quando dividido, encontram-se em outros pedaços de um outro amor dividido: os seus complementos.
É a trama de Cupido para tudo andar na trilha amorosa.

um
amor
partido
se
refaz
em
outro
AMOR

Mas nem sempre é assim.
Tem pedaço de amor que nunca encontrará outro pedaço, pois este pedaço é uma ilusão platônica e o outro pedaço tão desejado acaba sendo um vazio despercebido.
E os pedaços de amor andam por todos os cantos do mundo.
O amor que nunca foi dividido é a totalidade encarnada do amor.
Já o amor sempre dividido é a presença do desamor egoísta.
A grande verdade é que ninguém encontra uma parte do amor desejado por acaso.
É preciso estar preparado para o transformamor (transformar o pedaço do amor interior em parte inteira).
Como o desejo de só receber amor significa curto-circuito do ser, com diz a Cabala, a outra parte do amor em pedaço projeta unicamente angústia e sofrimento, que são máscaras do amor. Daí vem todas as insatisfações humanas.
Se ligue, o primeiro pedaço do amor só existe em quem tem amor para dar!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Concrecoisa Complemento




Hoje, a concrecoisa trilha pelo caminho do mundo lúdico.
A estrutura visual servirá para qualquer pessoa completar os espaços vazios dos retângulos com o que lhe interessar, seja com o que seja.
Imprima e complete.
Repita a operação lúdica todos os dias.
Insista!
Não desista!
Você é forte!
Pense positivamente, ou não.
A cabeça é sua para pensar qualquer coisa.
O seu desejo será realidade.
A sua vontade será realidade.
É verdade, é verdade, é verdade...

Eu quero...
...
...
...
...

Eu quero...
...
...
...

Concrecoisa é isso e aquilo e muito mais.
Você não está sonhando.
Sim, ia esquecendo. Depois agradeça. Agradecer é o complemento da elevação d’alma.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Concrecoisa Contra-grafite



Sem grafite, o muro da urbe empoeira e cria limo, mantendo-se virgem até o dia da demolição.
Qual muro não queria receber um beijo de batom bem vermelho, entregando-se ao sabor de uma sacada intelectual de um artista-agitador?
Eis a síntese da Concrecoisa Contra-grafite, tema surgido num almoço com Anibal Gondim e Miguel Cordeiro, na Ceasinha do Rio Vermelho, aqui em Salvador.
Miguel Cordeiro – grafiteiro vanguardista e desvirginador de muros soteropolitanos, criador do personagem Faustino – fazia um comentário acalorado sobre política e dominação dos que querem se perpetuar no poder e isso nos empolgou.
Anotei num bloquinho o papo e disse para Anibal: isso é contra-grafite e vai virar concrecoisa. Assim nasceu, coletivamente, a expressão contra-grafite.
Anibal Gondim gostou da sugestão da concrecoisa, que não deixa de ser uma homenagem a Miguel Cordeiro.
Mais do que uma visão do que é o mundo politicamente correto de hoje, notadamente o mundinho chamado Salvador, a concrecoisa que se apresenta mostra um, somente um tentáculo, da trupe perigosa que apaga toda e qualquer crítica que pinta num muro da Velha São Salvador da Bahia.
São os tempos modernos de controle que antes era ditadura.
Neste tempo de hoje, o muro continua sendo a bandeira contra a dominação dos totalitaristas de plantão.
Me beije com o seu batom-spray, implora um muro qualquer ao artista-agitador antes de morrer virgem e silenciado pela trincha com tinta branca à base de cal dos dominadores.