sexta-feira, 26 de julho de 2013

Concrecoisa Todo Desigual




Duas metades diferentes formam uma face.

Veja, por exemplo, o outro lado do seu rosto. 

Um lado não é idêntico ao outro.

O interessante é que as metades diferentes formam uma unidade equilibrada. 

As metades iguais de um rosto não existem na prática. Alguma coisa está fora da ordem se as metades de um rosto forem iguais.

Porém, aqui nesta concrecoisa, as metades são iguais.

O todo, o que foi gerado pelas partes, imbrica numa face demasiadamente igual. 

Findo o discurso dizendo que uma face verdadeira é uma face gerada por metades desiguais.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Concrecoisa Óculos




Diz Jorge Mautner na canção “O Vampiro”: “Eu uso óculos escuros/ Para minhas lágrimas esconder”.

Os óculos escuros são poços transformadores, a exemplo dos poços petrolíferos. Mais do que óleo fossilizado, o poço petrolífero é energia, é riqueza. 

Estes mesmos óculos, agora transparentes, clareiam a visão, corrigindo as deformidades existentes.

Aqui, numa perspectiva mais complexa, os óculos são a extensão do olhar psíquico, onde a escuridão é uma alcateia indomada.

A lente ao se confundir com a mente, dependendo do ponto de vista, proclama o nascimento do reinado da sabedoria de si.

Se eu não enxergo a escuridão da minha lente, esta mesma lente não encontra claridade na mente.

Assim, sem delongas, digo: não queira ver o outro no escuro da lente. Como lente é mente, digo novamente: não queira ver o outro no escuro da mente.

O perigo nisso tudo é o grau da mente, o grau da lente e a loucura que é o mundo.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Concrecoisa Simplificação




Simplificar a forma é simplificar a vida.

Na matemática, a simplificação facilita o entendimento.

A simplificação acaba sendo o suprassumo de tudo.

A simplificação na mesa do brasileiro é um prato de feijão com arroz, bife e salada de tomate com alface.

Nas artes visuais, a simplificação recai no contraste do preto com o branco e na transformação dos tons em cinza em preto chapado.

Como estou tratando desta coisa chamada simplificação, termino por aqui. 

Já está dito o que quero dizer, inclusive na minha imagem concrecoisada.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Concrecoisa Andei



Andei por caminhos nunca dantes palmilhados.

Foram momentos de descobrimento, de medo e de perseverança.

E o caminho por onde andei fez-me lembrar com mais intensidade daquele gosto agridoce do passado.

Tudo esta presente por onde palmilhei, inclusive a ausência do que não consigo identificar.

Revejo os grãos de areia erodidos que foram espalhados pelo chão.

Encontro parte de mim neste caminho, neste passado.

Andei, andei, andei...

Por aqui, por aqui, por aqui...

Andei, andei, andei...

Por ali, por ali, por ali...

Ainda caminho, agora nas lembranças que surgem com esta concrecoisa.

Estas são as provas que andei, apenas andei.