sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Concrecoisa Estava...


Era uma luz.

Apenas uma luz.

Ela estava indo.

E, quem sabe, rindo.

Era uma anunciação.

Apenas uma anunciação.

Ela estava rindo.

E, quem sabe, vindo.

Depois veio um som.

Ele era lindo.

Assim, findo.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Concrecoisa Liberlove


O amor estava preso.

Eram muitas garras.

E muitas algemas.

A escuridão também prendia.

Uma garra era o outro.

Uma das algemas era o outro.

E a escuridão era o outro.

O amor sofria.

Não mais respirava.

Não mais via a beleza que nascia com o sol em cada manhã.

Um dia, o amor acordou da prisão do outro.

Foi quando descobriu que a liberdade estava dentro de si.

O amor era a liberdade.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Concrecoisa Vereda-verdade


A verdade, sozinha como sempre, caminhava por uma vereda.

O caminho era tortuoso.

As mentiras emolduravam os lados da longa estrada.

Porém, a verdade não temia nada.

Ela sabia que era soberana.

Num certo trecho da vereda, a verdade tropeçou numa moita de mentira.

Nesse instante, a mentira achou que aquela verdade queria ser o que não era.

Mas a verdade não caiu com a cara no chão.

Sua essência não permitia degenerar.

Refeita do acontecimento, ouviu o vento dizer: “Ver a verdade na vereda é caminhar sem perder o prumo”.

E sem perder a postura, seguiu em marcha solitária fazendo justiça.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Concrecoisa Feliz manhã


O sol deu bom dia para renovar a esperança.

E aquela pessoa distante de tudo, mais uma vez, não percebeu.

Ignorar as coisas simples já fazia parte da sua forma de tocar a vida.

Assim, foi envolvida pelo passar do tempo sem dar valor às coisas que conectam a existência com uma das faces da felicidade.

Certa feita, soube do seu médico que estava com os dias contados.

O diagnóstico foi uma porrada do destino.

Desde então, quis rever o que fizera.

O filme da vida passou como um raio.

Tudo conquistado parecia banal.

Recolheu-se, em silêncio, para uma roça.

E percebeu que cada manhã era uma feliz manhã.

Agradeceu ao sol pela felicidade que beijava todos os dias a sua face.

E cada beijo acompanhado pelo canto de passarinho liberto realimentava a energia vital que rearrumava o destino.

Aquela feliz manhã multiplicava o tempo de vida.

O novo tempo fez o milagre da multiplicação dos dias, agora não contados.

No último sono, estava em paz com a ressurreição d'alma.