quinta-feira, 30 de março de 2023

Concrecoisa Atrito


A máquina
que faz
o mundo
girar
precisa
de óleo
para lubrificar
as suas 
engrenagens
e acabar
com o
atrito
do metal
com o metal

E a vida,
por sua vez,
precisa do
lubrificante 
amor
para neutralizar
o atrito
das coisas
ruins

quinta-feira, 23 de março de 2023

Concrecoisa Percepção


A vida mostra 

Que você evoluiu

Quando a sua percepção

Consegue superar a expressão

Que polui tudo ao redor

quinta-feira, 16 de março de 2023

Concrecoisa Alvorada

Cada dia com a sua agonia.

E tudo começa com o crepúsculo da manhã.

Que atiça o desejo.

Controla o medo.

E sopra ansiedade.

E de quebra, o crepúsculo faz a vontade gritar para a noite adormecida:

"Não adianta me enganar, eu quero é lutar".

É assim que surge, a cada dia, o vencedor.

Você é um desses vencedores anônimos, tenha a certeza!

quinta-feira, 9 de março de 2023

Concrecoisa Coveiro

 


O desejo queria aventuras.

E foi vivendo cada uma delas.

Teve um dia, porém, que não deu certo.

A aventura gorou.

Foi quando o medo apareceu.

E acabou sepultando o desejo.

Assim é a história não contada de um certo coveiro. 

quinta-feira, 2 de março de 2023

Concrecoisa Sussurro no escaler


A concrecoisa desta sexta-feira, dia 3 de março de 2023, foi inspirada no conto Juventude, de Joseph Conrad, que eu acabo de ler.

É uma obra sensacional. Leitura agradável e rápida.

Deixo aqui as últimas linhas do livro e que podem ser lidas num contexto maior, servindo para qualquer situação. É a narrativa do personagem Marlow.

"Ah, os bons tempos – os bons tempos. Juventude e mar. Sedução e mar. O bom e poderoso mar, o salgado e amargo mar que podia sussurrar, rugir ou tirar-nos o fôlego."

"Entre todas as maravilhas, é o mar, acredito, o mar em si mesmo  ou é a juventude em si? Quem pode dizer? Mas você aí  vocês que conseguiram alguma coisa da vida, dinheiro, amor, tudo o que se consegue na terra , vocês não acham que o melhor dos tempos foi aquele em que éramos jovens no mar, jovens que nada tinham, no mar que não nos dá coisa alguma a não ser pancadas e por vezes uma oportunidade de sentirmos nossa própria força? Não seria somente esse o tempo que todos nós recordamos com saudade?"

E o autor-narrador, Conrad, conclui:

E todos nós concordamos com ele (o personagem Marlow, que narrou anteriormente, numa roda de cinco amigos): o homem de empresa, o guarda-livros, o advogado, todos nós concordamos com ele, mexendo a cabeça por sobre a mesa polida como um lençol tranquilo de água escura que refletia nossos rostos vincados pelas rugas; nossos corpos marcados pelo trabalho, pelas decepções, pelo sucesso, pelo amor; nossos olhos cansados, procurando fixamente, sempre, com ansiedade, alguma coisa fora da vida que, enquanto se espera, já se foi – passa sem ser vista, como um suspiro, como um relâmpago –, junto com a juventude, a força, o romance das ilusões.

Em tempo: o que está dito na imagem desta concrecoisa, em forma de, talvez, poema, não é um fragmento do livro.