sexta-feira, 28 de julho de 2017

Concrecoisa Caifé


Antonzé acordou com o canto do galo.

No horizonte, o sol também acordava em uma cama de nuvens.

Todo dia era assim.

Porém, neste dia, um fato inusitado entrou para a história de sua vida.

Quando coava o café, uma voz misteriosa ecoou no quintal.

Ele sabia que naquele fim de mundo não morava ninguém.

O medo pediu licença.

Rezou em voz baixa.

Quando a última gota de café passou pelo coador e caiu na xícara de porcelana, uma energia misteriosa irradiou pela cozinha.

A vibração superior foi o sinal que tanto esperava para nunca mais deixar a fé cair no esquecimento.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Concrecoisa Aldravia VI


extasiar
com
o
simples
é
fortuna


Os anos correram...

A vida de Esmeralda era bolinha de gude descendo uma ladeira de paralelepípedo da Cidade da Bahia.

Sua carne sentiu o passar do tempo.

A gude vida estava cheia de marcas.

Resignada, entendia a naturalidade do agir do tempo.

Um dia, num programa de TV, Esmeralda disse que viver feliz é extasiar com o simples, um dos segredos da longevidade.

Desde então, o horizonte de quem praticou simplicidade ficou mais límpido.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Concrecoisa Aldravia V


criação...
criaturas
olham
a
cidade
crescer


O barro foi amassado.

Em seguida virou pedra.

Na forma de seres vivos.

Eles estão lá.

Atentos.

No alto das torres da Catedral de Notre-Dame de Paris.

Onde assistem a cidade crescer.

Cada vez mais.

No horizonte com fim.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Concrecoisa Aldravia IV


poeira
ajuntada
é
memória
de
alguém


No começo Ele era grão.

Depois Eles viraram grãos.

E os grãos foram transformados e retransformados.

Até ganhar a forma de poeira.

Com o vento, a poeira ganhou destino.

Aqui, ali e acolá.

Até um dia acumular no dorso do tempo.