quinta-feira, 30 de julho de 2020

Concrecoisa Poema de Neandertal


Não existia verbo 

Nem mensagem

Só instinto 

Só evolução

Só a luta pela sobrevivência 

E o homem sabido 

Ficou mais sabido depois que inventou o papel

E passou a guardar os sentimentos

O tempo foi passando...

E a primeira folha de papel ainda espera

Pelo poema do homem de Neandertal

Dizem que esse poema conta

Que tudo vira cinza 

E o vento do tempo 

Sopra tudo para a zona do esquecimento

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Concrecoisa Tampinha


O vírus chegou.

Na verdade, ele já estava entre nós. 

Por conta do destino, ele acordou para a vida social.

E foi pra cima do ser humano como quem cobra uma dívida histórica.

Na sua marcha, vem ceifando milhares de vidas.

O pânico é geral.

E essa pobre tampinha acabou sendo vítima de bullying do vírus.

Só porque o seu nome é Corona.

Não, a tampinha não tem culpa de nada.

Libertem a tampinha da opressão.

Ela não mata ninguém.

Ela é apenas uma tampinha.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Concrecoisa Rotina da rotina


Menelau, naquele dia, acordou tarde. Tudo por causa da farra que varou a madrugada.

Ele nunca tinha feito farra. Nem na juventude.

Ficou preocupado por perder a hora.

Pulou da cama e sem fazer a rotina matinal, foi à luta.

Como tinha que cumprir tarefas, não almoçou.

No fim da tarde, estava quase desmaiando.

Tudo porque ficou sem tomar o tradicional café da manhã e sem o prato feito no almoço.

De quebra, estava com ressaca.

A partir desse dia, Menelau não foi mais o mesmo.

No fundo do seu desejo, queria fazer da farra a rotina de vida.

E ficou nesse ritmo durante seis meses, dia após dia.

O patrão já não estava satisfeito com o ex-profissional exemplar.

Cansou dos abusos e deu-lhe um cartão vermelho.

Menelau perdeu o chão.

Era tarde.

E se arrependeu por trocar a rotina da rotina pela rotina do prazer.

Sem rumo na vida e sem dinheiro, ficou sem nenhuma daquelas rotinas.

Só restou o gosto amargo da rotina do arrependimento.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Concrecoisa Ilusão


Ela dizia que amava ele.

Ele dizia que amava-a muito mais.

No dia seguinte, ela dizia que amava-o muito mais do que ele.

Assim, todos os dias, eles realimentavam o amor.

Aquele sentimento era verdadeiro e só crescia.

A razão alimentava o amor.

E não despertou a dor que vem com a ilusão.

Ele dizia que amava ela.

Ela dizia que amava-o muito mais.

No dia seguinte, ele dizia que amava-a muito mais do que ela.

Assim, morreram juntinhos.

Estavam bem velhinhos.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Concrecoisa Esperando…


Viver é esperar, pois sempre vivemos esperando.

Esperamos por dias melhores, pelo restabelecimento da saúde, pelo salário do mês (para quem é assalariado), pelas férias, pelos presentes no aniversário e Natal, pelas reuniões alegres com os amigos e pelo gol do nosso time.

Esperamos vencer na vida e nos distanciamos da derrota, que é possibilidade esperada pelo campo da probabilidade.

Esperamos por milagres e pelo amor perfeito.

A espera é um presente da esperança.

Acho até que a espera é siamesa da esperança.

Tem espera envolvida em negatividade, como a espera dolorida de uma condenação por infringir a lei.

Diante de tanta espera, creio que ela não tem compromisso com o andar do tempo.

Se tivesse algum compromisso, ninguém ficaria esperando por mais nada.

Espero que tenha gostado.

Se não gostou, lamento, e peço para que espere pela concrecoisa da próxima sexta-feira. 

Espero encontrar um tema que seja do agrado de todos!