sexta-feira, 26 de abril de 2013

Concrecoisa Desespelho



A palavra desespelho não existia, até um minuto atrás, quando ela foi concebida para nominar uma concrecoisa.

O prefixo “des” significa negação, uma ação contrária. Desespelho (des + espelho) é uma negação do espelho.

Negar o espelho é um retorno à essência de algo, ou seja, é o que realmente uma coisa é.

O desespelho se aproxima da grafia da palavra desespero.

Elas, as palavras desespelho e desespero, andam no limite de uma lâmina semântica. 

Mas, então, o que poderia vir a ser desespelho em sua essência conceitual?

Eu, neologista, não teria condições de dizer, apenas insinuar, como insinuo o que é concrecoisa a partir de imagens autorais.

Parece que estou sendo teórico demais, pra lá de intelectual.

Não é por vontade própria, é por circunstância. 

Então, para não ficar chato demais, dou um ponto final no desespelho que não consegui, de propósito, explicar minuciosamente.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Concrecoisa Mentiverdade



É inacreditável como o mundo foi construído por mentiras que se repetiram, se repetiram, se repetiram e acabaram virando verdades.

E pior de tudo é que as mentiras continuam sendo verbalizadas em discursos ditos soberanos.

E pior, mais uma vez, é que as mentiras continuam sendo vetores de discursos. 

Assim, passado, presente e futuro continuam irmanados na perspectiva das mentiras, na sua lógica de querer ser o que nunca foi, mas acabou sendo, ou seja, acabou virando verdades.

As mentiras, assim, agitam o mundo e por consequencia todos nós somos lançados neste mundo de mentiverdade.

Mentiverdade é a transição entre a mentira e a verdade. 

A  mentiverdade está na psique, num campo rasurado de certezas.

Na cartilha ética dos detentores da verdade, a mentira triunfou em silêncio desde o nascimento da humanidade.

Eu, como defensor da verdade em mim e sem ser detentor da verdade, passei a acreditar em coisas projetadas como verdadeiras, mas acabei me decepcionando com as conclusões solidificadas pelo tempo. 

Insisto na semeadura da verdade, é verdade, mas sempre tomo um cascudo no cocuruto.

Vale lembrar que existe um campo onde a mentira é premissa para o sucesso: o campo da política. 

No jogo do amor, o caminho da mentira deságua na busca das fantasias felizes.

No mundo das drogas, a mentira camuflada em verdade engana o usuário com a sensação de liberdade.

Quem jamais mentiu, nunca nasceu. É fato.

Para resolver a equação entre as potências verdade e mentira só resta chegar ao paraíso perdido. Ele existe, me disseram. Será?

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Concrecoisa Centro



O centro representa o poder.

Quem não está no centro quer entrar nele.

Chegar ao centro significa chegar numa posição de vantagem.

E no centro o poder se solidifica e cria uma nódoa que teima em ficar no tecido da sociedade e das pessoas.

Nas tensões para chegar ao centro, a periferia se apresenta.

A periferia também quer ser o centro.

Mas quem está no centro resiste e quem está na periferia não desiste.

A solução, então, é criar um pacto do centro.

Neste pacto, o centro se descentra de si.

O centro fica mutante e ocorre a inversão de posição a cada situação prevista no pacto que se redefine em descentramento.

Assim diz a Concrecoisa Centro. Vejamos:

a maioria está no centro e a
minoria deseja ocupar o centro,
pois, ao ocupar o centro,  
o poder em si perde força.
e a luta pelo centro
acaba gerando tensão
e ninguém quer
perder essa luta. e a
periferia em
solidão acabará
criando
um centro.
tudo
é centro

Fui... Vou para a ponta esquerda. 

Lá também é o centro do campo da vida!

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Concrecoisa Prisão



Todos estão presos.

A liberdade não existe. 

A liberdade é apenas um desejo, um sonho, uma utopia.

Lá no cafundó do Judas, a liberdade é uma prisão empoeirada.

Aqui, a liberdade é prisão civilizada, porque todos estão presos nas barbas da lei.

E a lei foi feita por alguém que desejou limitar alguma coisa da natureza humana.

Limitar acabou virando prisão.

Eu, ao escrever este texto da Concrecoisa Prisão, estou preso no limite da “folha” digital.

Você, neste instante, está preso no acesso à internet.
Alguma coisa prende sempre alguma coisa.

A luz prendeu a escuridão numa dimensão que ainda não foi explicada pelos humanos. Digo isto porque no começo de tudo, conforme a Bíblia, reinava a escuridão. 

Assim, não tenham medo da escuridão. O que prende é a luz. 

As pessoas pensam ao contrário. Fazer o quê? 

Como estou preso na liberdade de não ter liberdade, só me resta concrecoisar. 

E o devir sorri disso tudo!

O devir talvez seja uma forma de liberdade.