Era primavera.
Os conspiradores estavam reunidos na Praça da Paz.
O mais novo integrante da Frente de Transformação Social queria se
infiltrar na célula central do comando que estava no poder.
Sua intenção era passar as informações para o núcleo pensante da Frente
de Transformação Social.
O seu líder, um conservador ligado aos países não alinhados, não
concordou com a proposta, pois queria a infiltração de um miliciano mais
experiente.
O jovem, então, passou a conspirar contra os pares, atuando como agente
duplo.
Na verdade, o jovem queria ocupar o lugar do líder conservador e impor as
suas ideias.
Depois de um ano, na primavera seguinte, o jovem foi convidado para
participar de uma ação juntamente com o seu líder.
Em reunião secreta, o jovem disse que o futuro da Frente de
Transformação Social estava em perigo.
O líder não deu ouvidos e desconstruiu o discurso inflamado de seu
pupilo.
Dois dias depois, no apartamento onde estavam reunidos, o jovem preparou
café com cicuta e ofereceu ao chefe.
No dia seguinte, o jovem foi informado que o chefe estava morto e que tinha
deixada uma carta que era para ser lida quando chegasse esse dia.
A carta foi lida em voz alta pelo sucessor imediato.
No final da carta, o líder confessou que não queria que o jovem atuasse em
missões perigosas porque ele era seu filho, fruto de um relacionamento com uma companheira
que vivia na clandestinidade.
O jovem ficou paralisado.
Em choro, bebeu o último gole do café que tinha oferecido ao líder
morto.
E foram enterrados juntos.