sexta-feira, 15 de março de 2013

Concrecoisa Derretido



A vida é um processo em processo que se torna memória.

Nem sempre as memórias sobrevivem.

Elas, as memórias, são inverdades quando viram escrituras.

A água também é vida, pois é um processo em si. É vida da molécula que derrete ao sol. Água não é vida animal, como nós, monstrinhos-racionais da natureza.
Depois de vira vapor, a água vira um nada em relação ao que era.

Tudo que escrevo para dar vitalidade à escritura da Concrecoisa Derretido parece não ter sentido. Talvez seja o interesse das próprias palavras derretidas em mim. Elas não quererem dar sentido ao racionalismo, ao processo físico do derreter da coisa humana.

Quem viu pela primeira vez esta concrecoisa, quando a tornava realidade, foi o parceiro musical Narlan Matos, que mora nos EUA e vive ensinando brasilidade aos gringos. Narlan é um poeta em ação, um intelectual que também enxerga o processo do processo do derretimento da memória e da água, ou melhor, da vida.

Antes que eu derreta com o calor de Salvador, vou deitar dentro de um freezer ou num congelador de uma geladeira antiga a gás, que me faz memorialista dum Brasil rural dos anos de 1970. 

Serei por uns instantes um picolé humano, que é melhor do que ser um nada.

E o sol, perigo para os viveres e sonhos por derreter, brilha para todos!

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