sexta-feira, 17 de maio de 2013

Concrecoisa Certeza da Dúvida



Ele era riquíssimo. O primeiro do mundo no ranking das maiores fortunas. Tinha tudo, ou melhor, quase tudo que queria.

Detestava o mundo envolvido com a corrupção. 

Execrava Brasília.

Não fazia negociação com o governo. Não precisava do erário. 

Adorava as mulheres e a vida romântica.

Nunca se casou. 

Diziam que era homossexual. Mas ele não ligava para os boatos. 

Era feliz sozinho, nada mais.

Certa feita, quando um jornalista lhe perguntou por que vivia sozinho, respondeu sem pestanejar.

Será que ser feliz significa conviver diariamente com outra pessoa? Devolveu a pergunta e se foi.

Tempos depois, reencontrou com o jornalista e relembrou a pergunta. Respondeu o seguinte:

Vi um casal bem velhinho e de mãos dadas andando numa praça londrina. Acho que depois desta imagem aumentou a minha certeza da dúvida.

Como assim, perguntou o jornalista.

Veja bem. A máscara da felicidade é uma, apenas uma. Numa vida a dois, alguém tem que vestir a máscara e neste instante o outro não. Daí, vejo que a felicidade só existe em uma pessoa, não em duas ao mesmo tempo.

E você tem certeza do que fala? Perguntou novamente o jornalista.

Tenho dúvida e tenho certeza, tudo ao mesmo tempo. Na certeza de minha dúvida, fiz nascer a minha certeza de duvidar de tudo. Na dúvida sem fim, vivo melhor sozinho, pois ter o outro ao lado também é ter a dúvida em dobro. Duvide sempre de tudo, inclusive deste nosso encontro.

Depois deste papo, o jornalista terminou o resto da vida bem mais perto da mulher amada. Duvidou da resposta do homem mais rico do mundo.

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