sexta-feira, 6 de março de 2015

Concrecoisa Amolar

Era uma vez um amolador.

Ele passava pelas ruas cantando o seu ofício.

– Olhaê o amoleiro!

– Amolo faca.

– Amolo tesoura.

– Amolo canivete.

– Amolo facão.

– Amolo tudo.

Um poeta atento ao movimento escutou o canto-trabalho do amolador e gostou.

No dia seguinte, com lápis e folha de papel, saiu cantando pelas ruas.

– Olhaê o poeta amolador!

– Tô aqui pra amolar.

– Amolar a faca.

– Amolar a face.

– Amolar o ego.

– Amolar o prego.

– Amolar o verbo.

Ao ver a cena, o amolador oficial não perdeu tempo.

Entregou ao poeta as páginas em branco da vida para ganhar um verso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário