sexta-feira, 1 de abril de 2016

Concrecoisa Pai

Téo não tinha ninguém.

Vivia só e nunca tivera documento de identidade.

O mundão de concreto era o seu pai.

Costumava dizer que era filho de Zeus.

Sabia ler e escrevia muito bem; melhor do que muitos do ofício.

Sem lugar fixo, qualquer canto era paraíso.

Andarilho por natureza, se escondia nos subterrâneos.

Um dia, acordou com a palavra pai remoendo o juízo.

Começou a escrever nos pilares dos viadutos, nos muros e até nos jazigos.

Depois passou a escrever a palavra paz.

E tempos depois a palavra país.

Num dia de Natal, Téo partiu para outra misturando pai, paz e país.

Téo agora é concrecoisa!

Nenhum comentário:

Postar um comentário