Ele voltou
à cidade natal para colher a poeira do tempo vivido.
Num dos
bancos da praça onde costumava se reunir com os amigos, leu um poema escrito
com um prego, assinado com as iniciais ACSS, que dizia:
“O cheiro
traz saudade
De quando
eu era criança
O café
torrado num tacho
O tempo
perdido, lembrança
Tudo
aquilo que eu fui
No prazer
de cada aroma
O cheiro
da terra molhada
Da chuva
com sua esperança
E o
cheiro de tudo que fica
Guarda a
memória sem fim
O passado
volta em mim
Na
delícia de cada cheirinho
Única
saudade que embala
A
vivência de cada um
Somos voo
de passarinho
Cheiro,
saudade, jardim”
Depois do
último verso, seus olhos marejaram.
Em
seguida, uma explosão de alegria tomou conta daquele momento especial.
E o
cheiro da vida semeado pela saudade d’alma ficou impregnado naquela carne
marcada pelo tempo.
A poeira
continuava suspensa no ar.
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