sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Concrecoisa Lugares

Estava no buzu.

Lá fora, o sol de lascar o couro de qualquer calango derretia o asfalto.

O suor escorria pelo cangote de todos.

Além do calor, a barulheira infernal convidava para descer no primeiro ponto.

Resisti.

A passagem estava cara demais para subir num ponto e descer no outro.

O salário mínimo não permite tal luxo!

Suportei em meditação.

Esqueci a situação quando me liguei num papo entre duas senhoras.

Uma contou para a outra que sonhou que estava passeando pela lua e era a primeira vez que ocorria algo desta natureza em sua vida já bem vivida.

A outra entendeu que ela estava passeando pela rua, dando vazão ao papo.

Depois de uns cinco pontos, a senhora que trocou lua por rua perguntou o nome da rua daquele sonho.

A sonhadora disse que conhecia apenas por lua, nada mais.

A ouvinte quase surda e agoniada e sem entender mais nada disse que vivera na Rua da Lua e tinha um velho ex-namorado que ainda morava lá.

A sonhadora achou que era gozação demais e partiu para dentro da outra, conhecida ali mesmo e há poucos minutos atrás.

Foi um arerê só e de arrepiar qualquer ser vivente.

O pega pra capar com um separa-separa agitou o buzu-sauna que circulava pelas ruas engarrafadas da velha Cidade da Bahia.

Pena que a confusão aconteceu no instante em que eu ia descer.

Até hoje fico a me perguntar se o problema foi a lua ou a rua.

Levei o assunto para um debate filosófico.

O mais sábio dos sábios assegurou que o problema foi causado pelo sol.


E num eclipse, a polêmica sucumbiu em silêncio e frio intelectual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário