As nuvens estavam se amando.
Antes elas eram brancas.
Agora com o amor encarnado, elas começaram a se pintar de cinza.
Quanto mais o amor encarnava, mais cinza pintava, mais cinza chegava,
mais cinza aguava até o escurecer total.
– A escuridão é o amor total, diziam elas.
Aquele dia de verão de céu azul, agora era o tempo sem tempo do amor
total.
E as nuvens começaram a se beijar.
Beijos ardentes explodiram pelo vazio do céu.
E estes beijos evoluíram para o sexo, um sexo que germinou em orgasmo: o
filho raio do prazer.
A escuridão ganhou luz.
Num clarão que quis ver o amor materializado.
E o estrondo do prazer total agora ecoava no silêncio da separação das
nuvens.
E assim o trovão com a sua trombeta invisível proclamou o amor da
natureza física, um amor que os homens tentam imitar.
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