sexta-feira, 17 de março de 2017

Concrecoisa Agirlivre


Lebristy nasceu em berço de ouro.

Na adolescência, no bairro onde morava com os pais, ele fazia e acontecia.

Sua vontade era uma ordem.

Certo dia, numa discussão acalorada sobre “O Mundo como Vontade e Representação”, de Schopenhauer, o estourado Zaiam não contou conversa e no calor do bate-boca deu uma broca em Lebristy.

Menino mimado, Lebristy disse ao pai, chorando, que ia resolver o problema sem a ajuda dos seguranças.

Devolver a broca virou questão de honra.

Na semana seguinte, os dois se encontraram.

Lebristy correu pra dentro do desafeto.

Zaiam não esperou tempo bom. Deu outra broca no riquinho da rua e falou alto com voz padrão de locutor: “Lesão, aprenda que é ilusão achar que o mundo é só seu”.

Lebristy entendeu o recado e aprendeu mais uma vez que broca dada não se tira.

Em casa, para não passar recibo de frouxo, disse ao pai que devolveu a broca e de quebra mostrou que o mundo não funciona na prática como uma liberdade do agir livre.

No dia seguinte, em nota de rodapé no banheiro masculino da escola, imortalizaram a desavença com a frase “Zaiam é filósofo de pavio curto”.

A história ganhou mundo nas redes sociais com o título “Agirlivre de Zaiam”.

Por conta do ocorrido, o esqueleto de Schopenhauer treme toda vez que o nome Zaiam ecoa no vento que sopra a lei do mais forte. 

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