Concrecoisa é imagem, é palavra, é ideia, é filosofia, é ciência, é César Rasec, é qualquer coisa. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é a concrecoisa. rasec1963@gmail.com Direitos reservados e protegidos por lei. Uso de imagem e texto só com a autorização, por escrito, deste autor.
sexta-feira, 20 de março de 2020
Concrecoisa Colírio de luz
O cego de razão escorregou numa casca de banana deixada pelo destino.
A queda foi feia.
Os joelhos ralaram no chão de barro.
Um velhinho ajudou-o a se levantar.
E ele foi embora em silêncio.
O tempo passou e o cego de razão escorregou novamente.
Os joelhos voltaram a ralar, agora no asfalto.
Uma bela mulher ajudou-o a se levantar.
E ele foi embora novamente em silêncio.
Vieram outras quedas e as feridas dos joelhos não curavam.
Ele já não tinha mais ninguém para ajudá-lo a se levantar.
Assim tocou a vida sem aprender que para cada queda existe um colírio de luz que não deixa a razão cega.
Foi enterrado sem as rótulas.
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Idoso ?
ResponderExcluirPerigo, isola !
Sem mais beijos, abraços, mãos, afagos ...
Só cuidados.
Não deixem sair. Nada de ar livre, caminhadas
Sem o mar, o pisar na areia, as ondas, o azul
Tampouco as nuvens, a linha do horizonte.
Condenação.
Confinamento compulsório, quarentena absoluta.
Na tevê, nas redes ‘sociais’ só números,
demandas, mortes, ódios, notícia ruim:
- Prepare-se , o pior está por vir.
O mundo, sem a bola rolando, perde muito do encanto.
Sem sol, sem sal, sem açúcar ... Ah, diabetes !
Resta ler, ler, ler ... mas de que presta o saber?
A mente pesa, a vista cansa, carnes machucadas
Idoso?
Insônia, doença, contágio, repulsa
E o tédio, o desgosto, a tristeza, o desolo
baixam a estima, as imunidades
Bate a depressão.
Um extermínio.
Idoso, pra quê?
Vírus.
*
21mar2020
Muito bom.
ResponderExcluira luz da razão anda turvosa ... por esses tempos.
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