quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Concrecoisa Covarde


Um guerreiro canibal 
não prova 
da carne 
do inimigo covarde.

Nela não há coragem, 
nem o tempero da honra.

Ele se alimenta 
do adversário valente,
onde o espírito se engrandece
no confronto.

Do fraco, 
não nasce sustento.

E do bravo, 
floresce a eternidade.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Concrecoisa Um dia acaba


Tudo de bom 
se desfaz 
como a luz
de um palito 
de fósforo
que se apaga.

E tudo de mau 
se consome 
como sombra 
que não resiste 
ao sol.

Porque nada,
nem a alegria 
e nem a dor,
é eterno 
no tempo 
que nos move.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Concrecoisa Descaçador


O caçador que poupa a presa

descobre que a mira da sua arma

já não dispara morte, 

mas amor.

E nesse instante, 

deixa de ser caçador 

para tornar-se descaçador, 

aquele que caça apenas

o silêncio da paz.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Concrecoisa Cinza tirânica


Reinar na cinza 

é reinar sobre nada: 

um poder que se consome

 na própria chama, 

até que o trono vire pó

 e o soberano seja apenas 

a lembrança 

de sua própria ruína.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Concrecoisa Papel picado


O povo é como papel picado: 

lançado ao alto para enfeitar a festa do poder, 

brilha por um instante, 

mas logo cai ao chão, 

esquecido, 

varrido 

e disperso pelo vento

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Concrecoisa Sal da idade


O tempo tempera a vida,

com cristais que não se desfazem.

Na boca da memória, o sabor persiste,

é o sal da idade que arde suave,

e se chama saudade.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Concrecoisa Con$umo do con$umo

O consumo se consome.

O desejo se alimenta de si.

No espelho da abundância, a escassez sorri.

Objetos tornam-se donos de quem os compra.

O homem, reduzido a mercadoria, perde-se.

Assim, a humanidade se vende para se destruir.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Concrecoisa Pesadelos


Sonhos repousavam em silêncio.

Vieram os tiranos e acenderam as luzes.

Chamaram de clareza o que era invasão.

A calma virou ruído, o abrigo, aflição.

O que era promessa tornou-se vigília.

E a luz transformou sonho em pesadelo.

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Concrecoisa Momentos da realidade


A realidade 

nunca se detém;

ela se move

no brilho do sucesso

e na sombra do fracasso,

moldando cada instante

com a mesma intensidade

silenciosa.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Concrecoisa Essencial


A felicidade 
não está no excesso, 
mas na medida exata 
do que é essencial.

Quem precisa 
de tudo, 
vive em falta.

Quem reconhece
 o bastante, 
transborda.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Concrecoisa Irraciolizados


Fomos irracionais, guiados pelo instinto e pela necessidade de sobreviver.

Tornamo-nos civilizados ao criar a razão, as leis e a palavra como instrumentos de ordem.

Elevamo-nos com a arte e o pensamento.

Agora mergulhamos num tempo de ruído e de intolerância.

Caminhamos na estrada dos irraciolizados, por ignorância e escolha.

E o que era avanço torna-se ruína travestida de progresso.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Concrecoisa Vento, nuvem, tempo


O vento que vem, a nuvem que acena e o tempo que assiste formam uma tríade de movimento, despedida e contemplação. 

Cada verso sugere a impermanência da vida e a delicadeza dos instantes que passam sem alarde. 

O vento não fica, a nuvem não permanece, mas o tempo – silencioso – tudo observa. 

É uma metáfora da existência: somos como nuvens que acenam ao mundo enquanto o tempo nos contempla, impassível. 

A concrecoisa convida à pausa, ao olhar sensível sobre o agora. 

Tudo passa, mas algo em nós também assiste.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Concrecoisa Cada coisa única

 


Tudo é único

no seu lugar

no seu tempo

no verdadeiro sentido

desse mistério

que é a matéria

e que é o imaterial.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Concrecoisa Flor da Paixão


A flor do maracujá,
com sua beleza insólita e breve,
é o coração da paixão.
Desabrocha com intensidade
e se desfaz em silêncio.

É também símbolo silente
da Paixão de Cristo:
beleza que sangra,
amor que se sacrifica.

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Concrecoisa Sua fé


Sua fé
Só sua
Inabalável
Ela não é atingida
Por nenhum obstáculo
E por nenhuma dificuldade
Por nenhum obstáculo
Ela não é atingida
Inabalável
Só sua
Sua fé

quinta-feira, 12 de junho de 2025

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Concrecoisa Cota


Cada um tem 
a sua cota,

de esperança acesa
ou quase apagada,

de dúvida que cala
ou grita ferida,

de sucesso que brilha
ou passa calada.

Há quem sonhe alto
com passos incertos,

e quem, mesmo em queda, 
continue erguido.

Pois a vida reparte, 
em gestos discretos,

triunfo e tropeço
num mesmo tecido.

Somos todos feitos 
de luz e tormenta,

de fé que insiste 
e medo que inventa.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Concrecoisa Entulho


O mundo tornou-se um grande entulho

onde brilham celebridades vazias, 

reinam bandidos com ternos, 

pregam falsos profetas, 

gritam os insanos 

e mandam os canalhas.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Concrecoisa Pazamor


Plantou a flor da paz,

plantou a flor do amor;
 
regou com constância,
 
regou com delicadeza, 

regou com alma

até que, 

enfim,

floresceu: Pazamor

a síntese serena
 
de tudo que cultivou.

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Concrecoisa Feridas emocionais


As decepções matam aos poucos.

Elas destroem a confiança, a esperança e até a vontade de recomeçar.

Assim, surgem feridas emocionais profundas, causadas por frustrações, traições, expectativas não correspondidas ou quebras de confiança.

Quando alguém é constantemente decepcionado, vai perdendo pedaços da própria força emocional.

Essa pessoa pode se tornar mais fria, mais desconfiada, menos aberta ao mundo, como se algo dentro dela estivesse morrendo.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Concrecoisa Sangria


Sangra o mundo

mas alguém quer sorrir.

Sangra o mundo

e mais gente quer ferir.

Sangra o mundo

que ficou nu.

Sua ferida está aberta

e a fé permanece viva.

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Concrecoisa Mundo complicado


O mundo é complicado.

Fere como espinho

e encanta como uma flor.

Quem nele vive, 

mesmo sangrando, 

não quer deixar de caminhar

por seu jardim.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Concrecoisa Pailavra


A palavra é um dos pais da comunicação.

Ela, a palavra, matou o poeta que perdeu a caneta.

Mas o verbo falado continuou vivo!

E o poeta permaneceu atuando no seu mundinho,

sempre feliz com o seu canto.

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Concrecoisa Fatia


Muitas vezes,
abrir mão de uma fatia
é mais sábio do que querer o todo.

É a fatia gulosa que impede os avanços,
rouba a paz
e sufoca a sabedoria de viver em evolução.

Quando percebemos
que uma fatia pode representar o tudo,
o mundo sorri
e seguimos em frente — na mais plena felicidade.

quinta-feira, 27 de março de 2025

Concrecoisa Bolha


Tempos modernos!

Cada um na sua bolha
uma bolha límpida, frágil
onde o eco é o rei
e a opinião, serva.

Do lado de fora, 
o ruído do mundo é ameaçador,
mas é apenas uma vida que pulsa diversa, 
contraditória e real.

Dentro, 
a calmaria é conforto que paralisa.

Fora, 
a tormenta ensina a remar com os próprios braços.

Uma bolha protegida, 
mas também silenciada.

E quem nunca a estoura, 
nunca aprende a respirar o ar de verdade.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Concrecoisa Eternidade


O ser humano deseja apropriar-se da eternidade. 

Mas a verdade inescapável é que a eternidade não nos pertence. 

Somos passageiros de uma existência efêmera, enquanto o tempo segue seu curso indiferente à nossa vontade.

O tempo não nos consulta sobre sua duração, nem sobre a maneira como desenrola sua trama. 

Ele era antes de nós e será depois. 

É o guardião dos dias, o fiador das eras. 

Tudo o que nos cerca é consumido por sua passagem. 

É por isso que somos instantes, fagulhas breves no imenso fluxo do tempo.

Se não podemos possuir a eternidade, podemos ao menos respeitá-la. 

Podemos aceitar que nossa grandeza não está em perdurar, mas em viver com intensidade o tempo que nos é concedido. 

A eternidade pertence ao tempo, mas a plenitude do instante nos pertence. 

O que fazemos com ele é o que nos torna significativos, ainda que momentâneos.

Pois não é o tempo que deve ser vencido, mas o vazio de uma vida sem sentido.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Concrecoisa Ecos


Os passos ecoam no tempo, como memórias gravadas no chão.

Os sonhos ecoam na alma, como promessas sussurradas ao vento.

Os dias ecoam na eternidade, como sombras de tudo o que fomos e do que ainda seremos.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Concrecoisa Novamente


Da nova
nasce a luz
do recomeço.

Da nova
mente
brilha 
a reinvenção.

E
por fim
novamente 
a eterna
onda
da
transformação.

Pois
tudo
é
uma
arte
pulsante.

E
novamente
brilha
o novo
brilha
a nova.

Tudo é
simples
tudo é
mente
num
renascer.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Concrecoisa Sabor e saudade


Tudo é saudade

Tudo é sabor

Aquele riso no circo

O suspiro emocionado no dia do primeiro beijo na boca

O choro de felicidade diante da conquista pessoal

O gostinho do mel na torrada

A comida bem temperada com uma pitada de sal na medida certa

O sabor inesquecível do primeiro sorvete de baunilha

Tudo é saudade

Tudo é sabor

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Concrecoisa Grana


Dinheiro na mão

no ar

no banco

no chão

e na contramão.


Felicidade anunciada

filosofia narrada

mas é só ilusão.


No entanto 

a grana

exerce o seu fascínio

em muitos

pois é

miragem que atrai.


"Ei, você aí Me dá um dinheiro aí Me dá um dinheiro aí" Diz a letra da marchinha de Carnaval de 1959. Composição dos irmãos Homero Ferreira, Glauco Ferreira e Ivan Ferreira.