sexta-feira, 3 de maio de 2019

Concrecoisa Machado de Assis



As lágrimas escorreram pela face enrugada daquela velha senhora.

Lágrimas do tempo...

Na ponta do queixo, as gotas abraçadas umas às outras brincavam de cachoeirinha.

O chão empoeirado entrou na brincadeira e engolia cada gotinha como se fosse abafabanca derretida no inverno.

Mas o inverno já tinha passado, como tudo passa.

A seca tinha comido tudo.

Não sobrou verde, só verdade.

Só lágrimas salgadas para contar a história.

Aonde elas foram parar?

Fiquei sem saber.

Perguntei para Machado de Assis. Ele disse que “lágrimas não são argumentos”.

Depois fez silêncio para deixar ouvir o pingar da dor no sertão.

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